Ter irmãos, ter filhos irmãos, ser irmã se tornaram temas relevantes na minha vida depois dos filhos.

E a Carol Luz, direto do Rio de Janeiro, traz esse assunto aqui, generosamente, sob a ótica e experiência dela.

Obrigada, Carol!

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Sempre fui única. Filha única. De um processo fracassado de família. Sou e fui única de mãe. Num tempo no qual não pensava divisão, eles apareceram. Eles, únicos, de mães, das suas mães únicas. E nos formamos três.

Três seres diferentes, intensos e muito únicos. Ainda hoje somos. E nos escrevemos. Decidimos, diante de tantas faltas e mágoas, escrever a nossa história. Faz um tempo que ainda nos desenhamos irmxs. Faz ainda um tempo que nos lemos, esmiuçamos. Ainda não entendemos tão bem quem somos, pois nos lemos únicos. Ainda temos tantas histórias pra contar, e sorrisos a conjugar, e, independente disso: SOMOS.

Somos no sorriso, na cara igual, na cara não igual mas a fala igual. Em atitudes similares, em gestos em ser. Somos iguais. Apenas 50% nos transforma em seres que dividem histórias, ou as faltas delas e vidas. Com essa porcentagem criamos laços e adendos, e nos criamos nessa loucura chamada vida. Existe idade, tempo, afinidade, querer, e o que é. E é. Não foi escolha consentida, foi imposição.

Eles vieram com a idade, com o tempo e principalmente com o saber. Crescemos distantes em vidas diferentes, em tempos de tempo diferentes. Não era para dar certo, não era para existir, mas fez-se concreto.

E mesmo que a fortaleza rompa, e a troca não flua, somos cinquenta de cada um. E talvez, se não fosse assim, seríamos assim. Aprendo com cada um em diferentes momentos e escolhas. Ter irmxs não é a coisa mais fácil ou prazerosa, mas certamente é de uma riqueza que independentemente de idade existe e faz.

Existia um eu antes deles. Hoje eu sou um eu em reconstrução por causa deles.

Vamos!