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Com frequência os espetáculos infantis usam a expressão “para todas as idades”. O difícil é cumprir com essa promessa, entregando um momento em que crianças e pais aproveitem igualmente.

Pois em seu “Tumbalelê”, show que marca os 10 anos de grupo, o Tupi Pererê mostra como alcançou as famílias por completo nessa década, arrastando um fã-clube atrás de si e com direito a cartaz na plateia em homenagem ao fundador, Guga Cidral. 

Na voz desse condutor e cantor, a apresentação parece mesmo voltada primeiro aos pais ou cuidadores. Em diversos momentos, ele exalta a infância dirigindo-se aos adultos, com o discurso apaixonado de quem fez uma opção na vida.

“Tumbalelê” traz muitas referências da cultura brasileira de ontem e de hoje, desde a mitologia indígena e personagens do folclore, canções tradicionais das melhores, passando por músicas de Gilberto Gil, Chico Buarque, Secos e Molhados, entre outros, até delicadas narrativas populares e poemas de nomes que precisam ser apresentados à nova geração, como Helena Kolody. Também não faltam os sucessos autorais do Tupi Pererê.

Outras culturas também são celebradas, em canções e narrativas, que formam um excelente prólogo ao show.

O encantamento vem em luzes, figurinos, surpresas, mas nunca numa atitude que apequena a criança ou nega à infância sua força. A persona de Cidral, essa que conquistou legião de fãs em mais de uma década e formou uma equipe também comprometida com a diversão infantil de qualidade, é sempre a mesma: feita de uma atitude quase displicente e repleta de improviso. Em um dos melhores momentos, ele brinca com a reverência do ator diante do palco sagrado, ao representar um velho contador de história.

A sintonia com os músicos e a parceira de palco Raquel Stapassoli dá a liga para unir um conteúdo tão variado. Outro destaque é o trompetista Fabinho de Souza, que arrasa em suas performances. 

O show de encerramento foi realizado dia 20 de outubro, no Teatro Paiol, em Curitiba.

Para ficar no chavão, que venham mais 10! Mas que os fãs mirins, enquanto crescem, consigam se conectar sempre com o grupo e abraçar o amor à cultura que ele prega.