Catarina-0548

Chega o Dia das Mães e é aquela enxurrada de mensagens no celular, corações, balões, frases e até capítulos de livro inteiros sobre como é maravilhoso ser mãe, apesar dos picos de dor, enlouquecimento precoce e paranoia diários. Só agora, em julho, me cai a ficha.

Achava que isso me incomoda só pelo tom meloso, mas uma psicóloga infantil matou a charada. “Gente, nem é tudo isso”. Mãe de dois e orientadora de pais há décadas, ela traz as comemorações mais para perto da realidade.

Segundo ela, o clima de festa acaba mascarando um pouco da desilusão que é ser mãe todos os dias. Isso porque todo mundo idealiza a maternidade, desde a gravidez, e quando as coisas acontecem mais pé no chão, ou seja, com muito amor, mas um pouco de chateação aqui e outra ali, parece que precisa ficar reafirmando o quanto vale a pena.

É claro que vale! Acho lindo quem usa corrente com boneco menino ou menina de acordo com o filho que tem. Mas só por brincadeira, pensei em usar no lugar uma tesourinha sempre ao pescoço – para o caso de o bebê dormir (finalmente!) e eu conseguir tosar as garrinhas. Mais uma coisa que admiro: quem consegue cortar as unhas com o filho acordado.

Tem gente que pira e já enxerga o cordão de ouro como uma condecoração. No meu caso poderia trazer escrito “Olhe pra mim, tenho dois. Não durmo à noite e estou aqui em pé”.