A moral pós-moderna tem influência na vida cotidiana? Quais os sinais dessa crise? (Imagem: Pixabay)


A sociedade pós-moderna vive, sim, uma crise de valores. Melhor dizendo, uma mutação de valores anteriormente presentes, que não cabem mais para o ser humano pós-moderno. Isto ocorre devido ao ritmo imposto por nossa cultura de produção e de consumo, que nos conduziu de protagonistas a mero coadjuvantes nas relações sociais. A pós-modernidade tem encaminhado cada pessoa a para vivenciar o drama de pensar que é livre, mas paradoxalmente constatar em seu quotidiano que já não o é.

Cabe ressaltar que a industrialização não mudou só as cadeias de produção, mas também a forma de viver das pessoas, criando uma lacuna entre minorias de grupos privilegiados e uma grande maioria sem acesso a condições básicas de vida. À medida em que o acúmulo de bens tornou-se alternativa para a sobrevivência, o homem conduziu-se à um processo de submissão, que gradativamente o sentenciou à perda de sua identidade, ao vazio, à dificuldade de compreender seu valor e o sentido de sua vida.

A moral social pós-moderna tem influência na vida quotidiana, uma vez que contribui para que o homem possa repensar sua existência e planejar alternativas para superar condições desfavoráveis ao seu desenvolvimento humano. Afinal, essa “crise” pode ou ser enxergada como um problema ou como uma oportunidade de reafirmação de valores e reflexão interior. Os sinais dessa crise na vida diária são também as desigualdades sociais, o egoísmo, a ostentação de riquezas, as diversas formas de exploração e preconceito no campo econômico, social, político, religioso e racial.

Outras causas, numa análise com mais amplitude, apresentam nossa sociedade condicionada à imoralidade (elementos que vão contra a moral), à permissividade (onde a tolerância deu espaço para a perda de valores a fim de resguardar a coletividade) e à amoralidade (quando se privilegia o ter ao ser e o outro é mero instrumento para que se possa obter algo, vivendo-se assim sem moral).

Além disso, pode-se ainda citar a negação ou a limitação dos direitos humanos como elementos que fragilizam e impedem o homem de assumir os rumos de sua própria história, como por exemplo, a dificuldade em assumir relacionamentos ou mantê-los a longo prazo, a falta de visão para escolher um local para morar com a família (como a dúvida crucial entre optar por um apartamento no Ecoville ou por uma casa em outro bairro), também por dificuldades em escolher um candidato para votar em uma ocasião de eleições ou, ainda, realizar um planejamento familiar assertivo.

Como você pode observar, isso tudo influencia a vida quotidiana. E este é um tema no qual a Teologia tanto deseja compreender quanto atuar. E esses desdobramentos serão temas pra uma próxima postagem… Gostou deste artigo? Compartilhe-o em suas redes sociais! 

 

Ana Beatriz Dias Pinto, é comentarista convidada do blog e nos traz reflexões sobre temas atuais e contextualizados sob a ótica do universo religioso, de maneira gratuíta e sem vínculo empregatício, oportunizando seu saber e experiência no tema de Teologia e Sociedade para alargar nossa compreensão do Sagrado e suas interseções.