Na imagem, Irmã Fabiana com acadêmicos de Teologia do Studium Theologicum Claretiano, em foto com o Arcebispo Metropolitano de Curitiba, Dom José Antonio Peruzzo 

Alinhar a Teologia com a vida é tarefa muito presente na Congregação das Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, instituição fundada na Itália pela Madre Clélia Merloni, beatificada pela Igreja em 2018. Atualmente, o trabalho das religiosas está presente em 15 países: Itália, Suíça, Albânia, Benin, Moçambique, Filipinas, Estados Unidos, Haiti, Paraguai, Chile, Uruguai, Argentina, Portugal, Irlanda e Brasil, tendo como missão atuar na área da educação, saúde, serviço pastoral, além de promoção humana e social.

Assim, uma de suas freiras tem feito bonito no quesito de inclusão. Trata-se da Irmã Fabiana de Jesus da Silva, que mora na Casa Provincial localizada na capital paranaense e acaba de concluir seus estudos em Teologia no Studium Theologicum Claretiano de Curitiba. De uma maneira bastante abrangente, a religiosa investigou a temática da Inclusão na Catequese, tendo sido aprovada com elogios por sua proposta atual e extrememante importante no quesito pastoral da inclusão.

Em entrevista ao blog, Irmã Fabiana destacou em sua pesquisa como a Igreja vem respondendo aos apelos da inclusão no ambiente catequético, visto que existem crianças, adolescentes e jovens que, tendo alguma necessidade especial, precisam de uma maior atenção e acolhida na comunidade eclesial. Nessa perspectiva, questionou: “nos tempos atuais como se realiza a inclusão, de modo que esta seja cada vez mais eficaz?”

Para responder à realidade da Igreja, realizou a leitura e análise da presença da inclusão de pessoas portadoras de deficiência na Sagrada Escritura e Documentos Eclesiais, contextualizando como a Sagrada Escritura apresenta o processo de acolhida das pessoas com deficiência no Antigo e Novo Testamento, observando, com ênfase, o modo de ser e agir de Jesus para com elas.

Além do mais, Irmã Fabiana abordou como é feita a abordagem do tema da inclusão nos documentos pós-conciliares. Assim, descobriu que, desde os tempos remotos, a Igreja tem cumprido com a missão de acolhida e integração dos irmãos com necessidades especiais – exemplo disso as práticas de Jesus Cristo. Assim, promoveu uma reflexão importante sobre de que modo a catequese inclusiva propõe um novo modo de olhar para as realidades de crianças e adultos que buscam formação na catequese, sendo portadores de algum tipo de necessidade especial.

Necessidade de se romper padrões sociais

A proposta de trabalho da nova teóloga demonstrou como o modo de romper os padrões sociais, onde o valorizado é sempre o belo, o perfeito deve dar abertura às diferenças. Afinal, hoje a Igreja interpela evangelicamente a uma nova maneira de agir diante da diversidade. “Na história eclesial, a Igreja nunca foi passiva diante dos desafios encontrados no campo catequético, mas se buscou com sabedoria responder às interpelações encontradas, mesmo em meio às limitações”, conta Irmã Fabiana.

“Na busca por vivenciar os ensinamentos de Jesus de acolhida e inserção na comunidade eclesial foram produzidos documentos, que apoiados no Evangelho, colaboraram para a reflexão do desafio de tornar não apenas participantes, mas protagonistas todos aqueles que têm alguma deficiência física, psíquica ou intelectual. Promoveu-se uma proximidade para com estas pessoas, valorizando a sua dignidade humana e, deste modo, reconhecendo-as como irmãos e irmãs colaboradores na construção do Reino ensinado por Jesus. Todo caminho percorrido pela inclusão deve ser continuado para que a Igreja verdadeiramente esteja em saída como nos pede o Papa Francisco”, expõe a religiosa.

Conhecer o rosto de Cristo em cada pessoa

Segundo a religiosa, esta inclusão visada pela catequese não deve apenas ficar em seu contexto, senão ser expandida em todas as pastorais e movimentos, “para assim reconhecer o rosto de Cristo em cada pessoa”. A pesquisa ainda aponta que, nesta perspectiva, o direito de ser evangelizado de cada pessoa deve ser respeitado em sua totalidade, de modo que o campo catequético integre crianças, jovens e adultos portadores de deficiência num ambiente de acolhida exterminando todo preconceito causado pela falta de informação.

“Na Palavra de Deus, os ensinamentos de Jesus vêm constantemente recordar que Deus ama cada pessoa, sem excetuar ninguém e que todos são convidados a se aproximarem Dele sendo o importante o desejo de seus corações e não suas condições físicas ou psíquicas. Todos são chamados a receberem os sacramentos. Prova disso é que o Documento Catequese Renovada, em seu número 142, afirma que a presença da pessoa com deficiência física ou mental numa família e comunidade cristã nos interpela evangelicamente e exige de nós uma configuração com o Cristo sofredor. Também o Documento 107 da CNBB, em seu parágrafo 214, nos diz que ao conhecer uma pessoa com deficiência é necessário ouvi-la, saber como desenvolve suas atividades em sua vida cotidiana”, explica.

Cuidado particular com as crianças e jovens

Quando se refere às crianças e jovens com limitações, é necessário que a formação dada pelo catequista seja feito em diálogo  as famílias. “Faz-se muito importante um diálogo contínuo entre família e catequese para que ambos auxiliem as pessoas que têm algum tipo de deficiência a percorrerem seu caminho de fé. Quando incluídas na catequese, é positivo que ingressem em grupos já existentes e não que formem outros grupos paralelos, para assim não ficarem em grupos exclusivos”. Segundo a Irmã Fabiana, a acessibilidade também é uma forma de contribuir para uma eficácia na inclusão. “E o ambiente deve favorecer para que o processo evangelizador aconteça de modo efetivo. Para que o desafio da inclusão na catequese seja superado é preciso criatividade, mudança de atitude, pois o importante é reconhecer que somos todos iguais, aos olhos de Deus, do mundo e de nós mesmos”, conclui a nova teóloga.

Studium Theologicum Claretiano de Curitiba

O Studium Theologicum de Curitiba é uma das instituições de ensino mais tradicionais no ensino de Teologia em todo o país. Seu curso presencial de Teologia possui uma longa e consistente história na formação daqueles que se dedicarão ao ministério ordenado e aos mais diversos serviços na Igreja e na sociedade.

A qualidade do curso fez com que houvesse uma parceria com a Pontifícia Universidade Lateranense de Roma à qual o Studium Theologicum afiliou-se em 1995. O passo seguinte foi a busca do reconhecimento do curso junto ao MEC, o que veio a ocorrer em 20 de julho de 2014, sendo que tal reconhecimento foi renovado em 03 de abril de 2017.

No ano passado, recebeu a nota 5 no ENADE, elemento que revela sua excelência na formação Teológica. No Claretiano – Studium Theologicum o curso é oferecido de duas formas: presencialmente no período diurno ou on-line, com dois encontros no semestre, mas em ambas ofertas o curso tem a duração de quatro anos.

O estudo da Teologia é bastante amplo e, por isso, requer conhecimentos que envolvam seis eixos temáticos: filosófico, metodológico, histórico-cultural, sociopolítico, linguístico e interdisciplinar. A instituição oferece uma formação humana, cultural e teológica que permite ao aluno compreender as diferentes áreas do saber teológico e não se limita a receber apenas estudantes católicos.

Saiba mais: https://claretiano.edu.br/curitiba

Ana Beatriz Dias Pinto, é comentarista convidada do blog e nos traz reflexões sobre temas atuais e contextualizados sob a ótica do universo religioso, de maneira gratuíta e sem vínculo empregatício, oportunizando seu saber e experiência no tema de Teologia e Sociedade para alargar nossa compreensão do Sagrado e suas interseções.