Os candidatos a governador pelo Paraná e os candidatos a deputado federal e estadual irão assinar nesta quinta-feira (20 de setembro) uma carta de compromisso com a Mobilidade Ativa no Estado, ou seja, uma carta na qual se comprometem a adotar ações infraestruturantes ue visem minimizar os impactos negativos do tráfego motorizado e individual em massa.

A assinatura da carta será um dos eventos a serem realizados pelo Fórum de Mobilidade Ativa, que começa hoje em Curitiba e vai até o próximo sábado (22 de setembro) com atividades na Universidade Federal do Paraná (UFPR), na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e na Universidade Positivo (UP). No último dia, ocorrerá ainda a Marcha das Bicicletas 2018, com concentração a partir das 14 horas na Praça Santos Andrade.

O Fórum de Mobilidade Ativa é uma iniciativa da Associação dos Ciclistas do Alto Iguaçu – Cicloiguaçu em parceria com 11 Instituições de Ensino Superior de Curitiba e tem por objetivo proporcionar um ambiente de reflexão crítica para os próximos processos de planejamento urbano, promovendo uma aproximação entre o conhecimento e a práxis urbana. O público do evento contará com palestras, oficinas, desafio intermodal, bicicletada, além de outras atividades. Confira mais detalhes da programação na imagem acima.

A carta compromisso

A carta compromisso que será assinada pelos candidatos é divida em nove pontos, sendo o primeiro deles a garantia de que o candidato, se eleito, adotará ações infraestruturantes para minimizar os impactos negativos do tráfego motorizado. Outras propostas que constam nessa carta são: a criação de conexões cicloviárias nas regiões metropolitanas, entre centro de cidades conurbadas, a fim de fomentar o desenvolvimento de circuitos de cicloturismo e transporte; a criação de um fundo específico para a mobilidade ativa e o posicionamento favorável a projetos que promovam essa mobilidade; a realização de programas de educação, instrução e amparo técnico e teórico para municípios desenvolverem campanhas e projetos; a garantia de que a mobilidade ativa receberá pelo menos 0,33% do orçamento anual do Estado para investimentos; a criação de um Observatório Estadual da Mobilidade e a integração da bicicleta com modos coletivos (tanto terminais urbanos como nas rodoviárias).

Até o momento, já confirmaram participação os candidatos a governdor João Arruda (MDB) e Jorge Bernardi (REDE); os candidatos a deputado estadual Goura (PDT), Jefferson Eckelberg (PSOL), Natalie Unterstell (PODEMOS) e Felipe Braga Côrtes (PSD).

AS PROPOSTAS PARA O TRANSPORTE E A MOBILIDADE DE CADA UM DOS CANDIDATOS AO GOVERNO DO PARANÁ
(Propostas compiladas a partir do plano de governo de cada um dos candidatos, entregue ao Tribunal Superior Eleitoral e disponível ao público no site DivulgaCand – http://divulgacandcontas.tse.jus.br)

Cida Borthetti (PP)

O plano de governo da atual governadora fala em trabalhar “durante todos os dias dos próximos quatro anos” para “fazer o Paraná crescer de forma sustentável e, ao mesmo tempo, ambientalmente responsável”. Com relação à mobilidade urbana, contudo, as propostas são sucintas, como: investimentos na integração de diferentes modais de transporte, “ visando o aumento da competitividade comercial do Paraná e a atração de novos investimentos, inaugurando um novo ciclo virtuoso de crescimento e desenvolvimento.”

Doutor Rosinha (PT)

Único candidato a citar a bicicleta explicitamente em seu plano de governo. Uma das iniciativas propostas se chama “Minha Cidade de Bicicleta”, que visa apoiar os municípios no planejamento e construção de ciclovias, e a criação de um programa de adaptação de ambientes públicos para recepção do usuário de bicicleta. “Adaptar os prédios públicos, bibliotecas, escolas, hospitais entre outros ambientes utilizados pelo governo estadual com bicicletários e outros mobiliários para receber o usuário de bicicleta.”

Com relação aos demais modais, prevê o apoio aos municípios, “provendo recursos humanos e financeiros” para a elaboração de planos de mobilidade urbana e desenvolvimento urbano integrado. Também propõe implantar sistemas inteligentes de controle de tráfego e facilitadores da mobilidade e criar uma política fiscal de estímulos ao setor produtivo e comercial de bicicletas para aumentar a produção e venda.

 

Geonísio Marinho (PRTB)

Propõe aumentar a malha ferroviária do Estado, que segundo o candidato é “o modal de transporte mais econômico” para o transporte de mercadorias e pessoas. Outra proposta é a elaboração de um projeto para a construção do trem de alta velocidade ou aerotrem ligando Londrina à Maringá, Curitiba Foz do Iguaçu, centro de Curitiba ao aeroporto de São José dos Pinhais (aeroporto de Curitiba).

 

João Arruda (MDB)

Foca principalmente na “recuperação da capacidade estatal e planejamento e investimento” nas áreas rodoviária, ferroviária, portuária e aeroportuária. O programa ainda destaca a necessidade de as demandas infraestruturais serem pensadas a longo prazo, “projetadas para um horizonte de 50 ou mais anos”. Mas a única proposta concreta é a estatização das ferrovias, uma vez que a privatização do setor, segundo o plano de governo, “ acabou se constituindo na pá de cal sobre o setor.”

 

Ogier Buchi (PSL)

Não tem propostas para a mobilidade em seu plano de governo, que possui apenas duas páginas e é dividido em dezessete compromissos – nenhum deles mais detalhado. Entretanto, o candidato se propõe a “liderar o Estado na ação de conciliação do desenvolvimento sócio econômico, com a proteção do capital natural do Estado. Adoção de ações complementares de sustentabilidade social e ambiental”. Só faltou explicar o quê, afinal, isso tudo significa…

Priscila Ebara (PCO)

O programa da candidata fala muito em “mobilização dos operários”. Mas praticamente não toca em mobilidade urbana. A única proposição que consta no documento entregue ao TSE é o “fim das leis que garantem o monopólio para as grandes empresas (por exemplo, no transporte público: fim das restrições ao trabalho dos perueiros).”

Jorge Bernardi (REDE)

Um dos compromissos programáticos do candidato é realizar uma reforma urbana que “transforme nossas cidades em espaços saudáveis, democráticos e seguros, que (…) possibilite o redirecionamento do investimento em mobilidade para priorizar os pedestres, o transporte ativo e o transporte público.”

Como propostas concretas, o documento de 36 páginas foca principalmente no transporte coletivo, propondo uma licitação “com o controle social da sociedade e do Ministério Público” para as linhas de transporte coletivo da RMC e outras regiões metropolitanas, além da implantação de uma política de transporte coletivo regional integrado. A proposta mais diferente, porém, é “retomar estudos e viabilizar a implantação da hidrovia do Rio Ivaí, objetivando diversificar os modais de transportes no Paraná, estimulando a participação de empresas privadas.”

Professor Piva (PSOL)
 

A exemplo de Jorge Bernardi, o programa de governo do candidato do PSOL foca quase que exclusivamente na questão do transporte coletivo (ônibus). A proposta é oferecer o apoio do governo estadual aos municípios para a redução da tarifa do transporte coletivo, “mas desde que as Prefeituras se comprometam a fazer auditorias e revisões nos atuais contratos entre municípios e empresas”. Outra proposta é criar uma empresa pública de transporte coletivo, “com transporte e recursos humanos próprios”, que teria como objetivo garantir o transporte intermunicipal no interior e no litoral do estado.

Ratinho Junior (PSD)

O programa de governo diz que “uma das primeiras tarefas” será iniciar o processo de transição da malha logística do estado. “Serão realizados projetos de curto, médio e longo prazo que acompanhem o crescimento econômico e permitam aos produtores melhoria na competitividade. Serão realizados estudos para promover a interligação dos vários modais e a diminuir a dependência do modal rodoviário no transporte.”

Outra proposta é realizar estudo de viabilidade técnica econômica e financeira para definição dos pontos estratégicos para integração de todos os modais de transporte para potencializar os investimentos públicos e as Parcerias Público-Privadas (PPPs).