Estabelecido em 1957 o Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade foi criado para garantir a posse como território brasileiro e serve como base para uma equipe rotativa entre 30 e 40 pessoas de militares e pesquisadores. Foto: Marinha do Brasil.

O aumento da produção e do consumo de novos materiais, a partir do desenvolvimento tecnológico, tem ampliado a capacidade de os seres humanos influenciarem o ciclo geológico da Terra, tornando-nos capazes de alterar irreversivelmente esses processos. Uma prova disso, é a ocorrência de rochas idênticas às naturais mas compostas por plástico no Parcel das Tartarugas, região da Ilha da Trindade – ilha vulcânica localizada a 1.140 quilômetros de Vitória (Espírito Santo) e administrada pela Marinha do Brasil.

O local é uma importante reserva marinha do Atlântico Sul e uma Unidade de Monumento Natural Brasileiro e a ocorrência foi encontrada por um estudo de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A poluição, encontrada especialmente no ambiente marinho e ocasionada, em grande parte, pelos materiais plásticos, pode alterar até mesmo os cenários de fauna e de flora do ambiente terrestre. As rochas constituídas por plástico foram identificadas próximo à maior região de ninhos da tartaruga-verde (Chelonia mydas) e de recifes de vermetídeos do Brasil.

A interferência deste comportamento no meio ambiente é o que busca provar um artigo publicado por cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e de outras instituições brasileiras no periódico Marine Pollution Bulletin, da plataforma ScienceDirect (Elsevier).

Os autores encontraram novos dados que comprovam que o homem está atuando como agente geológico e ocasionando a geração de novas rochas, a partir da poluição marinha.

O local da descoberta, pertencente à chamada Amazônia Azul – área com riquezas naturais e minerais abundantes que apenas o Brasil pode explorar economicamente –, é uma ilha de habitat natural de aves marinhas e alberga um ecossistema frágil e único que inclui espécies endêmicas de peixes e diferentes conjuntos recifais.

A descoberta de Fernanda Avelar Santos, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geologia da UFPR, aconteceu durante atividades de mapeamento geológico na Ilha. “Identificamos quatro tipos de formas de detritos plásticos, distintos em composição e aparência. Os depósitos plásticos na plataforma litorânea recobriam rochas vulcânicas; sedimentos da atual praia compostos por cascalhos e areias; e rochas praiais com superfície irregular devido à erosão hidrodinâmica”, descreve a pesquisadora.

Veja a matéria completa no site da revista Ciência UFPR: https://ciencia.ufpr.br/portal/?p=22810

Estabelecido em 1957 o Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade foi criado para garantir a posse como território brasileiro e serve como base para uma equipe rotativa entre 30 e 40 pessoas de militares e pesquisadores. Foto: Marinha do Brasil. (Fernanda Avelar Santos)

Rocha plástica encontrada no estudo , formada pelo derretimento e posterior solidificação de plástico liberado no meio ambiente. (Fernanda Avelar Santos)

As rochas plásticas foram encontradas no Parcel das Tartarugas, localizado na Ilha da Trindade. (Fernanda Avelar Santos)

Navio Patrulha Oceânico Apa (P121), a Marinha do Brasil mantém sua presença constante na Ilha da Trindade desde a década de 50. (Marinha do Brasil)