As compras dos produtos a granel além de representam economia para o bolso, também são as melhores opções para quem quer ter uma atitude sustentável. Em média, os preços dos itens a granel ficam entre 20% e 30% menores quando comparados aos valores dos produtos vendidos em embalagens individuais, de acordo com os donos dos secos e molhados consultados. Mas a reportagem encontrou diferenças maiores nos supermercados da cidade entre o valor do quilo dos importados vendidos na rotisseria e os das prateleiras, embalados individualmente.

A diferença de preços dos produtos vendidos a granel chegou a 52,45%. Caso do preço das alcaparras vendidas por R$ 31,80 o quilo a granel e R$ 66,88 na marca líder de importados em embalagem individual de vidro. Outra diferença encontrada foi no preço do champignon.  Vendido a R$ 33,09 o quilo a granel e a R$ 39,80 o embalado.

Mas é importante ter atenção na hora de comparar, pois a diferença nem sempre fica tão evidente para o consumidor, uma vez que o valor dos itens comercializados a granel é indicado nas plaquinhas por 100 gramas do produto, sendo necessária a multiplicação dos valores para saber quanto custa o quilo do produto. Já as embalagens disponíveis no mercado oscilam entre 50 gramas, 60 gramas e 90 gramas.

Apenas na azeitona com caroço, a diferença foi em favor do produto vendido em embalagens de 500 gramas. Enquanto o quilo da vendida a granel foi ofertado a R$ 16,98 o produto embalado, custava R$ 13,96 o quilo.

Mas é importante ressaltar que este é um caso isolado e que, pensando em meio ambiente, a azeitona vendida em embalagem custa mais caro por conta das embalagens individuais, da rotulagem e da caixa necessária para o transporte dos vidros, acrescenta Henry Paulo Lira, o coordenador do Disque Economia, serviço da Secretaria Municipal de Abastecimento de Curitiba.

Ele ressalta ainda que a economia monetária e ambiental também se dá na forma consciente do consumo. Quando se compra apenas o que é necessário para fazer determinada receita, por exemplo, a dona de casa deixa de gastar além do necessário e também não desperdiça comida, reduzindo a quantidade de lixo produzida, afirma Lira.


DE PRODUTOS NATURAIS A CHOCOLATES
José Ricardo Pavanello, administrador da rede Armazém Seu Luiz, acrescenta que a compra a granel também ajuda a reduzir a quantidade de lixo produzida. O hábito da compra freqüente a granel depende da organização familiar, pois a pessoa compra apenas a quantidade necessária para o consumo, afirma.

As opções a granel no mercado curitibano vão desde os importados em conserva, a grãos, frutas secas, doces cremosos, confeitos, chocolates, bombons, bolachas artesanais, suplementos, chás, cereais, frios, produtos naturais até temperos. Pavanello ressalta que as maiores diferenças de preços entre os itens a granel e os embalados são encontrados nas especiarias, como cravo, canela, noz moscada. Nestes itens a diferença mínima é de 50%.

No Armazém Seu Luiz há 900 itens a granel à venda, de cereais, como granola e farinhas, a conservas, como azeitonas, alcaparras, cebolas, bolachas artesanais, temperos, etc. A rede adota o uso de embalagens reutilizáveis com lacres, sacolas de papel e embalagens de papel reciclado.  O Armazém Seu Luiz fica na Avenida Sete de Setembro, 6.131.

CHÁS
Na loja Chá e Arte, a maioria das embalagens é de papelão ou papel (similares ao saco de pão), com dicas de preservação ambiental. Juliana Treis, sócia proprietária da loja conta que os produtos nacionais e importados custam, em média, 20% menos que os vendidos em embalagens individuais nos supermercados.

A loja dispõe de 350 variedades de chá e a venda mínima é de 50 gramas. Juliana conta que na loja há uma fisioterapeuta que orienta sobre as misturas dos chás de acordo com o efeito desejado. A Chá e Arte fica na Comendador Macedo, 137.

COSMÉTICOS A GRANEL
Cosméticos também podem ser comercializados a granel, desde que respeitando a resolução da Anvisa. Os cosméticos de uso adulto, como perfumes e similares, sabonetes, sais de banho, xampu e condicionadores podem ser comercializados de forma fracionada. Porém, o comerciante deve respeitar as regras para a venda.

Sempre que o consumidor for à loja comprar uma quantidade de algum destes produtos, deverá receber uma embalagem nova (a qual deve ser enviada pelo fabricante à loja, com indicação de lote, data de validade e fabricação). Pela ótica da economia de embalagens, a determinação da vigilância sanitária não traz uma solução. Mesmo assim, mantém-se a liberdade do consumidor em levar a quantidade que deseja.


A GRANEL

Solução para o desperdício
Para o presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) Sussumu Honda, a venda a granel não é a única medida para promover um consumo consciente, economizar embalagens e evitar o desperdício. Em muitos mercados já existem as chamadas caixas verdes, onde se pode depositar as embalagens desnecessárias. O ideal seria a produção de produtos mais concentrados, que gerassem menos embalagens. Outra possível medida seria a volta ao uso de embalagens retornáveis.

Honda afirma que a venda a granel (de todas as categorias de produtos, inclusive de saneantes) em supermercados não é um benefício em termos de segurança. Ele ressalta que no Brasil, a venda de produtos de limpeza sem embalagem de fábrica não é permitida. Itens da categoria de saneantes são de alto risco. O manuseio indevido destes produtos pode causar vários problemas, informa a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com base na resolução que regulariza a venda fracionada de produtos de higiene, limpeza e cosméticos.


SAÚDE

Todo cuidado com o prazo de validade
Henry Paulo Lira, coordenador do Disque Economia, Serviço da Secretaria Municipal de Abastecimento de Curitiba, afirma que os alimentos a granel são comprados pelos supermercados também por preços mais baixos, pois as empresas não têm gastos com a embalagem nem com o envasamento e, por isso, os estabelecimentos repassam o custo menor para os clientes.

Mas ele ressalta que é importante ficar atento ao prazo de validade, geralmente menor que os produtos vendidos em embalagens individuais. Se o produto for usado dali a uma semana é melhor deixar para comprar mais próximo da data de uso, aconselha.

Os produtos comprados a granel, além de terem valores mais baixos, são econômicos, por evitarem desperdício, como destaca David Passada, advogado da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste). O consumidor leva só a quantidade que realmente precisa, então gasta menos, diz.

O Código de Defesa do Consumidor (CDC) também deve ser seguido à risca por quem comercializa alimentos a granel. A informação, por exemplo, é um direito indisponível do consumidor. Por informação entenda-se composição, origem do produto, data de validade, lote.

Se um determinado item vendido a granel provocar algum dano ao consumidor, este pode acionar tanto o fabricante quanto quem comercializa, ou ambos. A escolha é do consumidor.