Atleta mais jovem a defender o Palmeiras e a marcar um gol pelo time alviverde na história, Endrick alcança façanhas incomuns para um jovem de 16 anos em pouco tempo de profissional. Não é pra menos. O garoto não é comum e prova isso a cada jogo. Em Curitiba, ele viveu noite perfeita ao mudar o cenário de uma partida difícil e liderar a virada sobre o Athletico-PR.

Endrick modificou a história do confronto ao participar do primeiro gol, marcado por Gustavo Scarpa, e fazer o segundo de cabeça. Com esse gol, ultrapassou o ídolo Heitor e se transformou no atleta mais jovem a ir às redes pelo Palmeiras, com 16 anos, três meses e quatro dias. O antigo detentor da marca havia conquistado o feito aos 16 anos, 11 meses e 14 dias em dezembro de 1916.

“Esse gol é fruto do meu trabalho, que faço dentro de casa e fora do Palmeiras”, resumiu o jovem, que ofereceu o gol ao irmão Noah, de 2 anos, para quem diz querer dar tudo o que não teve na infância, já que foi uma criança pobre em Valparaiso de Goiás. O pai, Douglas Ramos, era auxiliar de limpeza, e a mãe passou fome antes de o garoto virar astro na base e, agora, no profissional.

“Estou estudando ainda, me falaram que não era hora de criança estar acordada, é sempre trabalhar e Deus está me guardando, protegendo e agora é seguir em frente com muita humildade”, afirmou o atacante canhoto rápido e habilidoso.

Faz parte da personalidade de Endrick a insaciabilidade. Ele costuma dizer em suas entrevistas, mesmo depois de grandes partidas, como em Curitiba, que precisa evoluir.

“Não acho que está bom ainda, tenho que treinar e tenho muito a melhorar”, avisou o garoto, que festejou seu gol na Arena da Baixada emulando a comemoração do fenômeno norueguês Haaland, do Manchester City, levando o dedo de uma das mãos ao ouvido e o outro braço esticado.

Para completar a noite mágica na capital paranaense, o camisa 16 tirou foto com torcedores do Athletico-PR depois da partida. Ele havia enfatizado que seu desejo é ser ídolo no Palmeiras, mas também conquistar todos os outros torcedores, o que parece estar conseguindo. “Quero fazer as pessoas acreditarem em mim, ter fé e fazer elas acreditarem na minha pessoa”, justificou.

Se o Palmeiras vencer o Brasileirão, Endrick se tornará o primeiro atleta da história a conquistar títulos pelo clube em todas as categorias, uma vez que já foi campeão sub-11, sub-13, sub-15, sub-17 e sub-20, todas elas atuando com protagonismo.

Abel Ferreira deu oportunidade a Endrick em quatro partidas. Em Curitiba foi a primeira vez que lançou mão do garoto no intervalo, dando a ele a chance de jogar todo o segundo tempo. O português disse que vai “seguir o plano” desenhado para Endrick em conjunto com a diretoria.

“Estamos trabalhando com o Endrick há dois meses, sempre dissemos para vocês e para ele que seria no tempo de Deus”, lembrou o treinador. Ele tem dado oportunidade pelo talento extraordinário, mas também pela dedicação nos treinamentos. Assim que foi promovido aos profissionais em julho, o garoto não se intimidou ao enfrentar zagueiros muito maiores e mais competentes que os que encarava na base.

“Disse pra ele que uma coisa era jogar no sub-20 e outra com jogadores como Gómez, Murilo. Para eles, uma bola parece a última”, contou Abel.