Divulgação – Jean Grey volta da missão em que foi dada como morta…

O sucesso de ‘Mulher Maravilha’ nos cinemas fez os produtores de filmes de histórias em quadrinhos despertarem para uma realidade: as mulheres podem perfeitamente protagonizar filmes de heróis. Demorou. Infelizmente, o número de heroínas de grande destaque ou tradição nas HQs é pequeno. Mulher-Maravilha, da DC Comics, é um caso à parte. A Marvel não tem uma personagem desse nível. Na falta, o estúdio valorizou a Capitã Marvel, que ganhou um filme neste ano – e somou mais de US$ 1 bilhão em bilheteria. Entre os X-Men, os mutantes da Marvel, há uma heroína quase tão poderosa quando a Capitã Marvel: Jean Grey. É ela, em tese, a protagonista de ‘X-Men: Fênix Negra’, que estreia nesta quinta-feira (6) em Curitiba.

Jean Grey, a personagem, já havia aparecido na primeira trilogia dos X-Men. Heroína hesitante no primeiro filme (lançado no ano 2000), ela supostamente morreu no clímax do segundo longa (de 2003) e ressurgiu mais poderosa (e maléfica) no terceiro (de 2006). Mas, nesta década, os produtores praticamente apagaram aquela trilogia da linha cronológica dos X-Men. Reiniciaram tudo com ‘X-Men: Primeira Classe’ (de 2011), que se passa em 1962. Depois emendaram ‘X-Men: Dias de um Futuro Esquecido’ (de 2014), ambientado em 1973. A ele seguiu-se ‘X-Men: Apocalipse’ (2017), no ano de 1983 – e o primeiro em que a “nova” Jean Grey aparece, já com enorme potencial de poder.

Este novo filme da Fênix Negra segue essa linha temporal. Não sem antes explicar a origem de Jean Grey (interpretada por Sophie Turner, de ‘Game of Thrones’). Depois de um trauma de infância, ela foi parar, aos 8 anos, na escola de mutantes do professor Charles Xavier (James McAvoy). Passados vários anos — o filme é ambientado em 1992 —, os mutantes não sofrem mais perseguição por parte da sociedade. Pelo contrário, Charles Xavier tem ligação direta com o presidente dos Estados Unidos e seus X-Men, liderados pela transmorfo Mística (Jennifer Lawrence), até prestam alguns favores em missões especiais. Mas uma dessas missões, a de salvar astronautas no espaço, sai errado: Jean Grey é atingida por uma energia cósmica misteriosa. Num primeiro momento, ela é dada como morta. Ao despertar, ganha a denominação de “fênix”, a ave mitológica que renasce das próprias cinzas. Os poderes da mutante – capacidades de telecinésia e telepatia – ficaram ampliados, a ponto dela perder o controle sobre eles. Enquanto isso, alienígenas que perseguem essa energia cósmica (com fins malignos, claro) desembarcam na Terra.

Nas histórias em quadrinhos, o grande diferencial dos X-Men em relação a outros heróis da Marvel – como os Vingadores – é a eterna discussão sobre inclusão, preconceito em relação aos diferentes e o que as pessoas fariam se tivessem superpoderes. Os filmes dessa franquia dos mutantes, iniciada em 2011, trazem essas discussões nas entrelinhas. ‘X-Men: Fênix Negra’ deixa esses pontos em segundo plano. O objetivo é tentar dar protagonismo às mulheres. Um diálogo do filme é bastante explícito quanto a isso. “Não lembro a última vez que você arriscou alguma coisa. As mulheres estão sempre salvando os homens por aqui. Talvez você devesse mudar o nome para X-Women”, diz Mística ao professor Xavier, em determinado momento.

Se era para enaltecer o poder delas – não apenas o de Jean Grey ou o de Mística, mas também o da antagonista, a alienígena Vux (Jessica Chastain) – o filme erra o alvo. O protagonismo acaba com o professor Charles Xavier. No filme, ele é mostrado como um líder arrogante e falho, características que até nem combinam com o histórico do personagem. Todas as decisões são dele, e todas deram problemas, mas ele é incapaz de admitir. Difícil dizer se o professor Xavier merecia isso. Mais fácil dizer que Jean Grey, por sua vez, merecia um filme que mostrasse seu real potencial como uma heroína superpoderosa.