Há quem diga que o filme definitivo do Batman é Batman: Cavaleiro das Trevas, de 2008. E há quem diga que, por causa disso, todos os outros filmes do Morcegão terão que ser igualmente densos e por isso serão inferiores. Inferiores, não necessariamente ruins – caso de O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012). Seja como for, Batman vs Superman: A Origem da Justiça decepcionou exatamente porque tentou ser denso como Cavaleiro das Trevas e afundou na própria densidade; ficou um filme pesado, arrastado, com atuações meia-boca (especificamente o Superman) e que pouco acrescenta ao Morcegão. Isso quer dizer que não há outra forma de retratar Batman no cinema? Há, sim. LEGO Batman: O Filme que o diga. A animação estreou nesta quinta-feira (9) em Curitiba.

LEGO Batman: O Filme tem a mesma estrutura de Uma Aventura Lego (2014), que trazia Batman como um coadjuvante em uma animação divertida e inovadora. Como é uma animação, não é densa como Cavaleiro das Trevas. Pelo contrário, tem bom humor, visual colorido e até uma mensagem, que pode ser vir para crianças e adultos – Batman tem que lidar com seu maior medo: fazer parte de uma família novamente, depois de ter perdido os pais.

Tão importante quanto tudo isso, o filme brinca com Batman sem desrespeitar sua história. Sob certo aspecto, Lego Batman revisita praticamente todas as fases do herói nos quadrinhos. Há a adoção de Robin (anos 40), a junção de mais personagens (anos 50), a fase psicodélica (anos 60), o resgate do herói soturno (anos 70), referências a Cavaleiro das Trevas, o gibi (anos 80), o vilão Bane (anos 90)…

Há, ainda, insinuações ao jeito de ser de Robin ou ao “relacionamento amoroso” o herói com o Coringa, além de participações especiais. Uma delas, a do Superman, num pastiche da cena mais clássica do mal-fadado Batman vs Superman.

Além das “regras-Lego”, como usar os blocos para montar traquitanas diferentes de acordo com a necessidade, Lego Batman tem como diferencial o tratamento dado ao herói. Longe de ser um depressivo, ele não nega o lado playboy-milionário. Vai para a balada quando quer, posta fotos sorrindo, assiste à TV em super-super HD. E ainda faz troça com outro playboy-milionário que banca o herói, um tal de Homem de Ferro… Sim, é possível haver humor em filmes de Batman, desde que haja respeito.