No dia 17 de junho de 1983, sob o comando do jornalista Roberto Barrozo Filho, nasceu o Jornal do Estado. Desde a primeira edição, o Jornal do Estado manteve o compromisso de dizer verdade, com uma política honesta, que defende a estrutura econômica do Paraná sem visar o protecionismo privilegiado, como escreveu Roberto Barrozo Filho na capa da primeira edição, em 17 de junho de 1983. Era um época onde as notícias só chegavam às casas com o telejornal Jornal Nacional ou com mais profundidade no dia seguinte nos jornais impressos. A maneira de fazer jornal impresso também era heroica, tudo ainda era diagramado por past-up — onde as letras e textos eram colados e medidos em um processo totalmente manual. Naquela época, fazer um jornal impresso era desafiador e apaixonante. Trinta e quatro anos depois, o mundo da informação é outro. Com os portais de notícias, as notícias são atualizadas segundo a segundo, o perfil do jornal impresso teve que se adequar, mudar a pauta e o rumo, mas fazê-lo ainda é desafiador apaixonante.

São novos e maiores desafios, mas o Jornal Bem Paraná – novo nome do Jornal do Estado desde 2013 — tem se adaptado e corrido atrás do tempo. Em 1996, o Jornal do Estado teve sua primeira edição cor, um dos primeiros periódicos do Sul a inovar na impressão. A mudança de nome do jornal foi outro audacioso passo quando o veículo completou 30 anos, já sob o comando de Rodrigo Barrozo, que assumiu o jornal quando o pai, Barrozo Filho, morreu, em 1999.

O nome Bem Paraná surgiu com o portal de notícias em 2008. Em cinco anos de trabalho e inovações tecnológicas, o nome Bem Paraná ganhou tanta força e projeção como marca que em 2013, o Jornal do Estado saiu de cena para dar espaço a versão impressa do Bem Paraná, ainda mais conectada com os temas de debate em Curitiba e no Estado.

A nova fase também marcou a adoção de um projeto gráfico arrojado para facilitar a leitura e a opção para o leitor escolher a forma de ler, seja nas bancas, ou online no computador, celular e tablete. A mudança foi completada em 2015, quando o jornal mudou o formato tradicional standart para tabloide, seguindo a tendência mundial, que depois seria seguida por outros veículos paranaenses.

Na mesma época, o leque de editorias aumentou. Além de política, cidades, economia, cultura e esporte, o jornal e o site passaram a oferecer reportagens de saúde, comportamento, consumidor, trabalho, policial, tendências, moda, tecnologia, entre outros. Tudo sempre para suprir o leitor cada vez mais ávido de informações de diversos nichos.

De lá para cá, de olho em novos leitores, o Bem Paraná ampliou o número de colaboradores das mais diversas áreas tanto na edição impressa quanto no portal de notícias. São mais de 40 blogs com diversos assuntos, como política, cinema, música, teatro, assuntos maternos, artesanato, literatura, negócios, gastronomia, turismo, casa, maquiagem e muitos outros temas. No impresso, parceiros importantes também garantem novos nichos ao Bem Paraná, como a coluna Curitiba Mil Grau, que resume temas do site do mesmo nome sob o comando de Marlon Ramos, e a coluna Curitiba Cult, ligada ao site do mesmo nome, comandado por Augusto Tortato.

Hoje, o Portal Bem Paraná tem mais de um milhão de page views diários com tendência de alta e o jornal impresso circula em Curitiba, Região Metropolitana e Litoral com tiragem de 10,500mil, e 24 páginas diárias, em média. A empresa segue firme na ideia de manter o jornal impresso por acreditar na força do papel e das notícias de mão em mão e ao mesmo tempo investe também nas plataformas digitais para as novas gerações.

O futuro é uma surpresa não só para o Bem Paraná, mas para todos os veículos de comunicação do País e do Mundo. Mas do alto dos seus 34 anos, o que a equipe do Bem Paraná aprendeu é se adaptar aos desafios e aprender novas formas de fazer, apresentar e distribuir notícias que interessem ao leitor e mudem sua vida para melhor. A informação é e sempre será um bem necessário para a comunidade e o Bem Paraná está pronto para prestar o serviço com qualidade e rapidez.

Hoje, o diretor responsável do Bem Paraná é Rodrigo Barrozo, o diretor-superintendente é Roney Rodrigues, a chefe de redação é a jornalista Josianne Ritz, o secretário de redação é o jornalista Lycio Vellozo Ribas e o gerente comercial é Arilson Leonel. 


 

Dona Maria e seu Haroldo: uma vida no jornal

Ao longo de seus 34 anos, o Jornal do Estado marcou a vida de muitas pessoas, sendo que algumas delas foram testemunhas privilegiadas de toda essa historia, desde o início até os dias recentes.

Maria Celestino das Neves e Haroldo de Paula são dois desses exemplos, tendo marcado presença desde antes da primeira edição do impresso rodar até recentemente, já na era digital, quando se aposentaram. Praticamente uma vida dentro do jornal.

Dona Maria, como é conhecida, conta ter feito de tudo um pouco. Só não escrevi matéria. Já cuidei do estoque, atendi telefone. Depois, veio a fase de cuidar dos serviços de orçamento e dos jornais para terceiros, relata ela, que está aposentada desde o dia 22 de dezembro do ano passado. Eu estou bem, tranquila, mas tenho muita saudade. Costumo até dizer que o jornal não saiu de mim, complementa.

O caso de Haroldo de Paula é parecido. Assim como dona Maria, ele fez parte da equipe que inaugurou a a sede do Jornal do Estado, no dia 31 de maio de 1983, quando o espaço começou a ser preparado para a estreia do jornal, que aconteceria 17 dias depois. Só deixou a casa depois de se aposentar.

É uma vida dentro do jornal. Foi o meu terceiro e último emprego, diz ele, Haroldo. A gente sente falta de tudo, muita gente boa passou por aí. Mas estou bem, perto da minha família. Antes, nunca parava em casa.

Trabalhando na gráfica, a vida de Haroldo era corrida, em especial nas épocas de eleição. E é justamente desses períodos que ele e dona Maria afirmam sentir mais saudade. Sinfo falta daquele tempo, principalmente de eleição, que as máquinas não paravam. Rodava, rodava, rodava… Isso sinto muita falta, diz ela. Além de ter de imprimir o jornal da casa, em período eleitoral ainda vinham as publicações de terceiros. Chegava a uns 45, 50 títulos, e a máquina rodava toda hora, finaliza ele. 


 

José Richa lê o 1º JE ao lado de Roberto Barrozo

 

Seu Barrozo

Roney Rodrigues

Comecei a trabalhar com Roberto Barrozo filho em março de 1977. Tinha 14 anos e fui seu office-boy. Meu primeiro contato com ele não foi dos melhores – chamei-o de Seu Barrozo e ele retrucou com voz altiva: Doutor Barrozo. Achei que seria demitido na minha primeira semana de trabalho. Passados alguns meses, cai na graça dele. Fui transferido para a contabilidade e ainda ganhei um aumento de salário.

Passados 6 anos – cursava Ciências Contábeis na Universidade Federal do Paraná – ele me chamou para dizer que iria lançar um jornal diário em Curitiba e me convidou para ser o gerente administrativo e financeiro da nova empresa. Assim, em 17 de junho de 1983, começou a circular o JORNAL DO ESTADO, hoje BEM PARANÁ.
Convivi com o doutor Barrozo quase que diariamente, até a sua morte, em junho de 1999. Foram anos de muito aprendizado. Conhecido por ser um homem culto, inteligente, de temperamento forte, com uma veia jornalística aguçada e um talento para escrever artigos sobre a vida política local e nacional, nos quais geralmente criticava, com vigor, ocupantes de altos cargos públicos. Temido por muitos, gostava de uma boa briga – política, jornalística ou jurídica – e era implacável com os inimigos.

Com o passar dos anos, me tornei quase um filho para ele. Gostava de me ensinar coisas, principalmente sobre jornalismo e direito. Tornei-me também advogado influenciado por ele. Se ele não ia ao jornal, me chamava para despachar em sua residência. Ali eu o conheci como poucos. Seu lado amigo, fraterno e espirituoso. Sinto saudades desse tempo.

Depois da sua morte, o jornal passou a ser dirigido pelo seu filho Rodrigo Barrozo. Jovem, dinâmico, menos formal, mais generoso e mais calmo que o pai. É um amigo, com quem convivo também diariamente, e juntos estamos até hoje tocando o jornal fundado pelo doutor Barrozo. Com garra, muito trabalho e uma valorosa equipe de colaboradores, já são 34 anos de um jornal diário que sabe do seu papel. Os tempos mudaram e novos desafios são enfrentados. Quando as coisas ficam difíceis sempre nos lembramos do Doutor Barrozo recitando trecho de um poema de Gonçalves Dias que ele gostava muito: Não chores, meu filho; Não chores, que a vida É luta renhida: Viver é lutar. A vida é combate, Que os fracos abate, Que os fortes, os bravos Só pode exaltar.

A vida e a luta continuam.


Gol contra
Numa tarde ensolarada, um porteiro do jornal teve os seus 5 minutos de fama. Ele invadiu um jogo de futebol, no estádio Couto Pereira, com a intenção de agredir o juiz da partida. Detido por policiais, se apresentou como jornalista. Para comprovar o que dizia mostrou então sua carteira de identificação funcional onde se podia ler REPORTEIRO. A palavra porteiro estava impressa em letras tipográficas e, acrescido a caneta e de forma grosseira um RE, que ele acreditava ser o seu salvo conduto.


Sede apedrejada
A noite de 21 de junho de 2013 foi inesquecível não só para o Bem Paraná, mas para vários estabelecimentos comerciais da Avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico. Naquela noite, o que deveria ser um protesto, virou um ato desenfreado de vandalismo. Vidros quebrados, portas arrombadas, saques de mercadorias. E a sede do Bem Paraná não escapou. Ela foi apedrejada enquanto jornalistas trabalhavam. Para tentar assustar os vândalos, o porteiro piscava as luzes e fazia barulhos lá dentro. Por sorte, ninguém ficou ferido, mas foi uma das noites mais assustadoras para a equipe do Bem Paraná. 


Parem as máquinas
Nas eleições municipais de 1985, a disputa entre Jaime Lerner e Roberto Requião foi muito acirrada. Num início de noite, a gráfica do jornal prestava um serviço de impressão para o comitê do candidato Lerner. As máquinas estavam a pleno vapor quando um grupo de simpatizantes do candidato Requião invadiu a gráfica, sob a alegação de que o material que estava sendo impresso feria a lei eleitoral. Uma confusão danada e o doutor Barrozo foi chamado as pressas em sua residência. Quando chegou estavam lá vários militantes políticos, a Polícia Federal, membros do Tribunal Regional Eleitoral e emissoras de TV. Conhecido pelo seu temperamento forte, imaginava-se que Barrozo ficaria muito contrariado com o ocorrido. Ele olhou toda aquela movimentação e disse mande imprimir mais jornais, pois amanhã a venda será bem maior.


Primeira-dama
Os editores sempre prestam muita atenção aos títulos das matérias. Um erro ali chama muita atenção. Já as legendas que identificam as fotos, às vezes ficam em segundo plano. Certo dia, foi publicada no jornal uma matéria ilustrada com uma foto do então e hoje prefeito Rafael Greca e sua mulher Margarita Sansone. O editor fez uma legenda básica Prefeito Rafael Greca e a primeira-dama de Curitiba. Todavia, o chefe de redação determinou que a foto fosse trocada e colocada outra onde estavam Greca e o então vice-prefeito José Carlos Gomes de Carvalho, o Carvalhinho, já falecido. Ordem cumprida, a foto foi mudada, mas a legenda não. Assim, a foto de Greca e Carvalhinho foi publicada com a legenda Prefeito Rafael Greca e a primeira-dama de Curitiba. O dia nem havia amanhecido e Carvalhinho estava ligando desesperadamente para o jornal e para a casa do doutor Barrozo. Queria saber quem foi que o sabotou. Foi difícil explicar pra ele e para Barrozo o que ocorreu.


A marmita da discórdia
Era o ano 1998, alguns professores faziam greve de fome em acampamento na praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, contra projeto de lei do governo do Estado. Um dos jornalistas da redação do então Jornal do Estado flagrou que os professores recebiam marmitas escondidas de madrugada. Com a informação confirmada, ele fez uma nota sobre o caso. No dia seguinte, irados, professores invadiram a redação do jornal no Centro Cívico, exigindo retratação e ameaçando os jornalistas. Foi uma manhã tensa, onde ninguém saía ou entrava da redação. Depois de muita negociação, ficou acertado que uma nota de retratação seria publicada no dia seguinte. Só assim, os professores deixaram o prédio. Informado sobre o caso, o diretor do Jornal, Roberto Barrozo Filho, chamou o jornalista para confirmar os fatos e disse que não publicaria somente a nota dos professores. No dia seguinte, o jornal estampou a nota que foi obrigado a publicar e a verdadeira, contando sobre a invasão e reafirmando a veracidade dos fatos publicados no jornal.