Ninguém pode prever qual será o resultado da Conferência do Clima de Copenhague, que começa nesta segunda-feira (7) e tentará definir as ações que os países tomarão para evitar o aquecimento global. Mas o fato é que as expectativas aumentaram sensivelmente nos últimos dias, depois que os principais países responsáveis pelas emissões de efeito estufa no mundo colocaram na mesa, enfim, suas propostas.


A reportagem ouviu diversos especialistas para saber se eles tinham um prognóstico sobre a reunião. A senadora Marina Silva (PV), ex-ministra do Meio Ambiente, afirmou que, mais do que otimista ou pessimista, ela está “persistente”. “Eu acho que ninguém que entende da agenda fica otimista. As pessoas ficam persistentes – eu acho que é a persistência da sociedade que tem levado aos resultados. Há três meses o Brasil não tinha meta, mas agora tem. O (presidente Barack) Obama e a China disseram que não tinham metas e agora têm.”


A reunião tratará de vários aspectos. Mas há dois principais: as metas que os países adotarão para reduzir as emissões de gases-estufa e o montante de dinheiro que as nações industrializadas direcionarão para os países mais pobres conseguirem cortar emissões e se adaptarem às mudanças climáticas.


O ministro Carlos Minc, sucessor de Marina, está mais otimista sobre o acordo do que há dois meses, quando havia um impasse muito grande entre os países ricos e os em desenvolvimento. “A chance de se chegar a um entendimento aumentou 50% “, disse o ministro.


Para ele, não serão resolvidas todas as questões em Copenhague. Mas já existe um ganho prévio à reunião, a partir das metas que foram apresentadas e que, se colocadas em prática, levarão a uma redução das emissões. “Os países não vão poder tirar a carta de cima da mesa.”


O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),Gilberto Câmara, também embarca mais animado. Mas ele prevê conflitos e considera que Obama, principalmente, será bastante pressionado a oferecer uma meta mais forte.


Para Tasso Azevedo, consultor do Ministério do Meio Ambiente, o fato de os compromissos dos principais países terem sido anunciados faz com que a discussão não fique vazia. “É possível definir uma visão compartilhada de onde se quer chegar, como limitar o aumento da temperatura a 2ºC e, depois, dividir as responsabilidades.”


Já o pesquisador do Inpe Carlos Nobre se recusa a fazer uma aposta. “Os seres humanos têm livre-arbítrio. Podem mudar a trajetória sempre. Quem diria duas semanas atrás que Obama apresentaria uma meta?”, questiona.


David Victor, da Universidade da Califórnia e autor de O Colapso do Protocolo de Kyoto, é mais pessimista. Para ele, o que está acontecendo agora é similar ao que ocorreu em Kyoto. “Há muitos temas na mesa e países muito diferentes para o processo da ONU progredir.”