AMANDA NOGUEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Neto de vó branca e outra bem preta”, descreve-se Rael em “Quem Tem Fé”, uma das faixas de seu álbum mais recente, “Coisas do Meu Imaginário”, lançado em 2016, mas cuja íntegra será apresentada pela primeira vez neste sábado (11).
Na canção, ele se prolonga a falar das matriarcas: “As duas exerciam o caminho da fé/ Só que a preta falava amém, a branca dizia axé”.
O trecho é um dos muitos autobiográficos que o rapper destrincha no novo trabalho, no qual aborda temas que vão de intolerância religiosa a comportamento na era digital.
“Eu acredito no sincretismo, consigo pegar a parte boa de cada coisa, do budismo, do candomblé, do catolicismo”, diz o rapper sobre as referências religiosas a que se refere em diversas ocasiões -inclusive no encarte do disco.
O sincretismo não se restringe ao âmbito da fé. Parte do sucesso de Rael também se explica pela capacidade de misturar gêneros musicais com a “espinha dorsal” de sua formação, o rap.
Rael, que constrói uma carreira de 15 anos, desde que se apresentava com o grupo Pentágono, despontou vertiginosamente no último ano com o hit “Envolvidão”.
O sucesso, cujo clipe já conta com quase 38 milhões de visualizações no YouTube, exemplifica esse rap melodioso influenciado por diferentes ritmos.
“Quando as pessoas ouvem aquele violão do começo, de certa forma é um convite para conhecer o rap”, diz o músico.
Rael acredita que a comunidade hip-hop está mais unida e focada em difundir a cultura, deixando de lado a rivalidade das batalhas de MCs nas quais, além dele, também se formaram nomes como Emicida, Projota e Flora Matos.
“O hip-hop começou através de batalhas, de dança e rima pra apaziguar as mortes das gangues. Hoje em dia acho que isso já ficou pra trás, as pessoas deixaram essa coisa do ego, de querer ser o melhor, e todo mundo quer fazer música legal”.

RAEL – LANÇAMENTO DE “COISAS DO MEU IMAGINÁRIO”
QUANDO sáb. (11), às 0h
ONDE Audio, av. Francisco Matarazzo, 694, tel. (11) 3862-8279
QUANTO R$ 40 p/ ticket360.com.