A demissão de Sérgio Botto de Lacerda e a carta do procurador ao governador Roberto Requião caiu como uma bomba na bancada governista na Assembléia Legislativa. Líderes do bloco de apoio a Requião demonstravam perplexidade e temor das conseqüências do episódio. O temor maior é de que o fogo amigo responsável pela queda de Botto não acabe por aí, e se transforme em uma guerra aberta, já que o procurador, como homem-forte do governo até então, sabe de muita coisa que pode ser fatal para a administração Requião.


Ambiente
Requião ontem, sentiu o gostinho do próprio veneno. Acostumado a atacar seus desafetos com imprompérios, levou o troco não de adversários, mas de um de seus mais próximos auxiliares. A carta de Botto é pródiga em revelar o ambiente contaminado por intrigas palacianas, inveja, e deslealdade.


Silêncio
Até o início da noite, a Agência de Notícias do governo ignorava a demissão do procurador, como se ela não tivesse existido. Nada mais natural, já que o governo Requião segue a risca a “lei Ricúpero” segundo a qual o que é bom se mostra, o que é ruim se esconde. Além disso, integrantes da cúpula da Comunicação Social estão entre os que Botto dirigiu adjetivos singelos como “puxa-sacos, apedeutas e ignorantes”.


Gelo
A sorte do governo é que com o feriado, a temperatura da política deve baixar. Para ajudar a esfriar o clima, a Assembléia Legislativa, por exemplo, já antecipou a folga. Não fará sessão hoje.


Densidade
E o PMDB de Curitiba pode lançar “chapa pura” para a disputa pela prefeitura da Capital. A dupla seria formada pelo “ungido” do governador Roberto Requião, o reitor da UFPR, Carlos Moreira, tendo como vice a ex-vereadora Márcia Schier. Há quem diga que o outro lado está comemorando a notícia, diante da baixíssima densidade eleitoral dos dois.


Fio da meada (I)
Por esta nem Carlos Moreira esperava. Foram aprovados ontem, pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados, os requerimentos de informação ao Ministério da Educação, ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para que prestem informações sobre os convênios firmados com a Fundação Universidade Federal do Paraná  (Funpar) no período de janeiro de 2003 a outubro/2007.


Fio da meada (II)
O pedido foi da bancada paranaense dos Democratas e é feito com base na informação de que o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Valmir Mota de Oliveira, morto na Syngenta prestava serviços em um projeto da Funpar.


Aprovado
Não adiantou o barulho da oposição. Foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembléia Legislativa a criação de cargos de provimento de comissão, para o quadro de funcionários da Secretaria de Estado e Justiça e da Cidadania. Serão criados 10 cargos de vice-diretor de unidade penal e 10 cargos de chefe de segurança de unidade penal.


Em alta
A violência de agentes de segurança privada contra vítimas anônimas ou não será tema de debate das comissões de Urbanismo e Obras Públicas e Segurança Pública e Defesa da Cidadania da Câmara de Curitiba, na reunião da próxima terça-feira (6), às 14h30.


Em baixa
Dez meses depois de tomar posse do novo mandato, Roberto Requião vê seu governo afundar em um mar de problemas, brigas internas, denúncias de corrupção e derrotas na Justiça. E não se vê nenhuma perspectiva de que sua administração seja capaz de virar o jogo.