Desde que comprou os direitos do super-herói Homem-Aranha para o cinema, a Sony produziu cinco filmes do personagem e coproduziu ‘Homem-Aranha: De Volta ao Lar’ junto com a Marvel. Mas, para a Sony, o universo do Homem-Aranha não se resume ao aracnídeo. Prova disso é ‘Venom’, filme que estreia nesta quinta-feira (4) em Curitiba, com Tom Hardy no papel principal.

Venom é um personagem criado por Todd McFarlane, Randy Schueller, David Michelinie e Mike Zeck nos anos 80. Na época, em que as HQs sofriam com inúmeras transformações, o Homem-Aranha apareceu com um uniforme totalmente preto, maior poder de renegeração e um comportamento diferente. Com o desenrolar das histórias, descobriu-se que tudo isso era por causa de uma espécie de parasita alienígena que havia tomado o corpo de Peter Parker de maneira simbiótica – um dependia do outro para sobreviver. Depois que deixou seu hospedeiro, o simbionte infectou Eddie Brock e se tornou um dos inimigos do Aranha. Venom já apareceu na telona, em ‘Homem-Aranha 3’, de 2007 – que, dentre os filmes do herói, foi um dos maiores sucessos em termos de bilheteria e um dos maiores fracassos em termos de crítica. Nos quadrinhos, também já ganhou séries próprias.

Em ‘Venom’, contudo, não há Homem-Aranha. Venom é o protagonista. E o filme quase não saiu. Vários atores foram cotados para o papel principal e o longa só ganhou forma depois que Tom Hardy (de ‘Mad Max: Estrada da Fúria’) topou a parada. E não apenas como ator, mas também como produtor executivo. Hardy já fez um herói icônico, o Max de ‘Mad Max’. Já fez filme de quadrinhos – foi o vilão Bane de ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge’. Já foi indicado a um Oscar, como coadjuvante em ‘O Regresso’. Mas faltava a ele um protagonista do universo ´das HQs. Ou ao menos foi isso que ele pensou com ‘Venom’.

Na trama do filme, Eddie Brock (Hardy) é um jornalista investigativo de São Francisco que mexeu onde não devia. Resolveu bater de frente com um poderoso empresário, Carlton Drake (Riz Ahmed), dono da Fundação Vida, envolvida com negócios de remédios a foguetes. Acusou-o de matar gente que servia de cobaia para experimentos escusos. Em represália, acabou demitido. E não somente ele, mas também a namorada, a advogada Anne (Michelle Williams). O que o jornalista não desconfiava é que o problema era bem pior. Drake tinha ordenado uma expedição para trazer “amostras” alienígenas, com o intuito de colonizar planetas. Seis meses após a demissão, Brock está na rua da amargura. É quando uma funcionária da Fundação Vida, Dora Skrith (Jenny Slate), o procura. Ela não apenas diz que Brock tinha razão sobre as acusações, mas também o coloca dentro da fundação Vida para ver o simbionte de perto. E Brock acaba “infectado”.

O ‘Venom’ do filme não é bem um herói. Também não é um vilão como nos quadrinhos. Está mais para um anti-herói. Ou, sob outro aspecto, uma versão moderna do clássico ‘O Médico e o Monstro’, de Robert Louis Stevenson, em que basicamente o doutor Henry Jakyll tem que conviver com um monstro (Edward Hyde) dentro de si. Até por causa disso, o tom é mais sombrio que os demais filmes com personagens da Marvel. Ainda que com alguns momentos cômicos – especialmente aqueles em que Brock tenta um convívio pacífico com uma criatura cuja versão de “fazer o bem” é simplesmente comer carne. Por essa a Marvel não esperava.

Obs: Há a indefectível aparição de Stan Lee, o grande criador dos personagens Marvel, e duas cenas pós-créditos. Na primeira, Brock vai a uma prisão e encontra Cletus Kasady, o vilão Carnificina – outro que também foi infectado por um simbionte. A segunda é uma animação com o “Spiderverso”, em que Peter Parker está morto e Miles Morales é um Homem-Aranha cheoi de dúvidas. Esse filme deve estrear no fim do ano no Brasil.