Todos os anos a história se repete. Basta a temperatura cair para as alergias se manifestarem. Com o ar mais seco e o aumento dos poluentes, ácaros e pó, fica quase impossível não sofrer com a rinite alérgica, asma brônquica, conjuntivite alérgica e dermatite atópica. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas estações mais frias, a incidência de alergias cresce 40%. As alergias são respostas exageradas do sistema imunológico a alguns estímulos externos comuns a todas as pessoas, como poeira, ácaro e fungos. Quem está predisposto a ter alergia, ao entrar em contato com o alérgeno (agente causador), o sistema imunológico reage, criando anticorpos para atacar o suposto inimigo. Desta reação, são liberadas substâncias que determinam os sintomas, explica a alergologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Cristina Abud de Almeida.

Ainda de acordo com a especialista, os sintomas das alergias que se manifestam nas estações mais frias são facilmente percebidos. Na rinite alérgica, o indivíduo apresenta coceira nasal, na garganta e/ou no ouvido, espirros, obstrução nasal e coriza. Na asma brônquica, os sintomas são tosse, principalmente à noite, e ao acordar, cansaço, aperto no peito e/ou chiado

Com a conjuntivite alérgica, os olhos ficam vermelhos, coçam e lacrimejam. Já na dermatite atópica, a pele apresenta lesões avermelhadas, que coçam muito e, às vezes, descamam, detalha. Ao perceber qualquer um dos sintomas, é preciso procurar um médico. Durante a consulta, o profissional irá avaliar o histórico clínico do paciente, como eventos anteriores e casos na família, e indicar exames específicos para verificar quais são os causadores da alergia. Desta forma, será possível indicar o tratamento mais adequado para o problema e para a prevenção de novas ocorrências, revela. Entre as opções terapêuticas, estão o afastamento das substâncias que desencadeiam os sintomas, vacinas e ingestão de medicamentos. Os anti-histamínicos, conhecidos popularmente como antialérgicos, são importantes adjuvantes.

Os beta-agonistas são utilizados se há broncoespasmo (dificuldade para respirar). Os corticosteroides são indicados para evitar a inflamação dos brônquios e, consequentemente, a crise de asma, esclarece. Segundo a alergologista, algumas iniciativas simples podem prevenir reações alérgicas típicas das estações mais frias. É preciso realizar um controle ambiental. A casa deve ser sempre arejada, colchões e travesseiros devem ser colocados ao sol, evitar carpete, cortina, vassoura, bichos de pelúcia, banhos muitos quentes que ressacam a pele e buchas que podem gerar lesões, beber bastante água e aplicar hidrante no corpo, orienta.

POEIRA E FUNGOS ENTRE PRINCIPAIS CAUSAS
Entre as causas das alergias estão o contato com medicamentos injetáveis; inalante, pela poeira doméstica, fungos e ácaros; digestivas, provocadas pela ingestão de alimentos ou medicamentos, como: pescados, frutos do mar, chocolates, penicilina, entre outros e de contato, com metais, por exemplo. Com o aumento da poluição, possivelmente, pelo menos uma vez na vida, as pessoas terão uma crise alérgica, afirma Marco Antonio Guerra, do Hospital Santo Antônio de Votorantin.

Para evitar as temidas crises, a principal recomendação do especialista é o afastamento dos agentes causadores das alergias. Por isto, nesta época de mudança da estação do ano, os alérgicos devem redobrar os cuidados, principalmente, com os ácaros, que são micro-organismos que se alimentam de escamas de pele humana. As alergias respiratórias são a principal preocupação nesta época do ano, pois, se não controladas adequadamente, podem favorecer infecções graves nas vias respiratórias, podendo assim, evoluir para uma pneumonia, alerta o médico.

Um dos principais vilões domésticos dos alérgicos são as fezes dos ácaros. Elas permanecem alojadas nas roupas, cobertores e mantas, que estão guardadas no guarda-roupa, esperando, desde o Inverno anterior. O especialista aponta que é extremamente importante a higienização destas peças, antes do uso. Estas roupas devem ser lavadas e expostas ao Sol por, pelo menos, um período do dia, para matar os ácaros e eliminar o agente contaminante, explica. Ao sair pela manhã, é recomendado deixar as janelas parcialmente abertas para uma boa ventilação, ou se fechadas, apenas com o vidro, para que o Sol entre no ambiente, explica o especialista.

Ainda para diminuir as crises alérgicas é recomendado umidificar o ambiente, seja com um balde de água, toalhas úmidas ou, mesmo, com o uso de umidificadores. Entretanto, alerta o especialista, o uso exagerado de umidificadores de ar pode deixar o ambiente propício à proliferação de fungos e, consequentemente, aumentar as crises alérgicas. Este é um erro muito comum. Muitas famílias deixam o aparelho ligado a noite toda. O correto é deixar o umidificador ligado apenas duas ou três horas antes de dormir.

O simples ato de passar uma vassoura pela casa, ao contrário do que muitos imaginam, é prejudicial para os alérgicos. De acordo com o Dr. Guerra, varrer a casa levanta a poeira que está no chão, aumentando o contato do pó com o nariz. O correto, comenta, é passar um pano úmido, ou o aspirador de pó com filtro específico.