BRUNO VILLAS BÔAS RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Sob pressão das passagens aéreas e do gás de botijão, mas com alívio dos alimentos, que chegaram a ficar 0,06% mais baratos, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) desacelerou para 0,39% em setembro. O índice é considerado uma espécie de prévia da inflação oficial. Apesar de comportada para os padrões do mês, a inflação segue em firme trajetória para fechar o ano com a maior alta em pelo menos 12 anos. Até setembro de 2015, a prévia da inflação acumula um avanço de 7,78% -o mais elevado para o período desde 2003 (8,46%). O resultado ficou abaixo do apresentado em agosto deste ano (0,43%) e igual ao do mesmo mês do ano passado (0,39%), segundo dados divulgados pelo IBGE na manhã desta terça-feira (22). No acumulado em 12 meses, a taxa permaneceu estável em 9,57%. É, ainda assim, um patamar muito alto. A inflação oficial deve fechar o ano em 9,34%, segundo a média das projeções de economistas pelo boletim Focus, do Banco Central (BC). Dessa forma, o resultado ficou em linha com a previsão de economistas consultados pela agência internacional Bloomberg, que esperavam alta de 0,38% entre agosto e setembro e de 9,56% em um ano. O IPCA-15 segue a mesma metodologia do IPCA, que mede a inflação oficial. A diferença é a coleta de preços: começa em meados do mês anterior até aproximadamente o dia 15 do mês de referência da pesquisa. O IPCA deve terminar o ano, portanto, acima do teto da meta de inflação de 6,5%. Com isso, o presidente do BC, Alexandre Tombini, terá que escrever uma carta ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, explicando por que a inflação ficou acima do teto. O IPCA-15 sobe no acumulado do ano puxado pelos chamados preços administrados -controlados pelo governo. É o caso da energia elétrica (a grande vilã da inflação no ano), de combustíveis, tarifas de águas e esgotos e mesmo jogos de azar. ALIMENTOS Um dos destaques da inflação do mês foi o grupo de alimentos, que desacelerou de 0,45% em agosto para uma deflação de 0,06% em setembro. O resultado ficou bem abaixo, portanto, da média da inflação do mês. Por dentro do grupo de alimentos vários itens se destacaram, como cebola (-13,77%), tomate (-13,14%) e cenoura (-10,29%). Comer em casa ficou assim 0,37% mais barato em relação ao mês anterior, segundo o IBGE. Outro grupo relevante em desaceleração foi de habitação, que passou de 1,02% em agosto para 0,68% em setembro. O motivo foi a queda da energia elétrica (-0,37%) no mês, devido às reduções de PIS/Cofins. Já os destaques de alta foram as passagens aéreas. Após a forte queda no mês passado, as passagens tiveram alta de 23,17% em setembro, segundo o IBGE. O motivo é o fim das tarifas promocionais. Junto de gás de botijão (5,34%), que sofreu reajuste de preços pela Petrobras, os dois itens foram responsáveis por um terço da prévia da inflação oficial brasileira no mês, informou o IBGE nesta terça-feira. No setor de vestuário o avanço dos preços também aceleraram -de 0,01% em agosto para 0,36% em setembro- com o fim das liquidações e o início da nova coleção primavera verão 2015-2016.