MARIANA ZYLBERKAN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A avenida 23 de Maio, em SP, irá receber dois blocos por dia durante os dias de Carnaval. Uma das principais novidades dos dias de festa deste ano, a via irá abrigar ao menos um dos seis megablocos mapeados pela prefeitura que têm expectativa de público de mais de 100 mil pessoas. Um deles é o Desmanche, que saía tradicionalmente na rua Augusta e vai desfilar na avenida no domingo (11).
A via foi uma alternativa encontrada pela administração para desafogar as ruas do centro e distribuir melhor os cerca de dois milhões de pessoas esperado para os dias de folia na capital. Os desfile serão realizados em uma distância de 1,4 km entre os viadutos Santa Generosa e Pedroso. O horário também foi delimitado pela prefeitura: das 12h às 20h, sendo que nenhum bloco poderá exceder cinco horas de desfile.
O entorno do parque Ibirapuera foi escolhido pela prefeitura para receber outro bloco que saiu pelas ruas do centro da cidade em 2017. O Agrada Gregos ocupou a praça Dom Orione, no Bixiga, no ano passado, quando foram registradas ocorrências de depredação a ônibus e caos no trânsito nas imediações devido ao aumento exponencial do público esperado. Neste ano, o desfile será a partir do Obelisco do Ibirapuera no sábado de Carnaval.
CENTRO
Mesmo assim, o centro de São Paulo irá continuar a concentrar as principais atrações do Carnaval. Cinco dos seis megablocos irão percorrer itinerários que passam pela rua da Consolação (Baixo Augusta e Pipoca da Rainha, comandado por Daniela Mercury) e vias do chamado centro velho (Tarado ni Você, Domingo Ela Não Vai e Me Fode que Eu Sou Produção).
A ideia é que, após a dispersão, o público dos megablocos se dirija até o Vale do Anhangabaú, onde será montado um palco para shows. Assim, há a expectativa de evitar que os foliões se aglomerem em áreas residenciais. Estão previstos shows também no Grajaú, na zona sul, e em Itaquera, na zona leste, na tentativa de evitar a concentração de pessoas no centro e na região da Vila Madalena, na zona oeste.
De acordo com o prefeito regional da Sé, Eduardo Odloak,158 blocos se cadastraram para desfilar pela região; o número corresponde a 32% dos 489 blocos previstos para sair pelas ruas da capital no Carnaval. Ao menos três vias vão ser barradas à permanência dos foliões: Praça Roosevelt, avenida Paulista e Minhocão. Há também uma preocupação com o acesso aos hospitais da região. “O planejamento é importante para darmos uma resposta às demandas dos moradores”, diz o promotor de Habitação e Urbanismo César Ricardo Martins.
A promotoria tem mediado reuniões com diversos órgãos da prefeitura e representantes de associações de moradores a respeito da organização do Carnaval de rua.
ENSAIOS
Outra preocupação dos órgãos é em relação aos ensaios de blocos que têm ocupado as ruas da cidade no período fora do calendário oficial, com início marcado para o primeiro fim de semana de fevereiro. De acordo com a PM, ao menos três eventos não notificados ocorreram na cidade neste fim de semana: no Largo da Batata, na Rua Augusta e na Freguesia do Ó.
Há uma semana, ensaio do bloco Minhoqueens teve que ser disperso pela PM com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha após os foliões ocuparem a rua 13 de maio. Cenas como essa serão evitadas ao máximo, de acordo com Odloak. “Entendi que a ação da polícia foi legítima. Os eventos antes do Carnaval devem ser tratados com o mesmo rigor”, disse o promotor Martins.
Neste domingo (21), o bloco Baixo Augusta atraiu cerca de 10 mil pessoas para o centro. A princípio, o ensaio seria realizado em um galpão na República, mas obteve autorização da prefeitura regional da Sé para ocupar a rua Augusta. “Os ensaios são como um ‘esquenta’ que funciona como grande atrativo de público. Estamos analisando caso a caso”, disse Odloak.