Produzidos em Bituruna, no sul do Paraná, há 80 anos, as uvas e vinhos motivaram a mobilização para pleitear a Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O pedido da IG é para o vinho produzido com as variedades de uvas bordô e casca dura (também conhecida como martha), da espécie americana Vitis labrusca. A iniciativa é da Associação dos Produtores de Uva e Vinho de Bituruna (Apruvibi), com apoio do Sebrae/PR e Prefeitura de Bituruna. O município, inclusive, foi reconhecido como capital paranaense do vinho, pela Lei nº 20.241, de 18 de junho de 2020.
 
A enóloga Michele Bertoletti Rosso, presidente da Apruvibi, integra a quarta geração da família que produz uvas e tem uma vinícola em Bituruna.
 
“A produção de uvas e vinhos no município começou com mudas vindas do Rio Grande do Sul, há 80 anos. Solicitamos apoio do Sebrae para comprovar que os vinhos e uvas produzidos aqui são diferentes”, explica. O fórum Origens Paraná e o IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar – Emater) também apoiam o processo.
 
Michele conta que o pedido de IG é restrito à delimitação geográfica do município. Atualmente, Bituruna conta com quatro vinícolas e 94 produtores de uvas, a grande maioria da agricultura familiar. Segundo dados do IDR, são 95 hectares de cultivo de uvas em fase de produção e 20 hectares em fase de implantação, o que corresponde a uma produção média anual de 1.034 toneladas de uva. O processo para o reconhecimento começou há oito meses, com a reestruturação da Apruvibi.

“As características de altitude, amplitude térmica, clima e solo resultam em condições específicas e características únicas nos vinhos produzidos em Bituruna”, ressalta Michele.
 
A enóloga dá exemplos. A uva bordô, em outras regiões, é mais ácida e usada em cortes com outras variedades, na produção de vinhos. Em Bituruna, pelas condições, é uma uva frutada, possibilitando “a produção de um vinho aveludado, macio, com 100% de uva bordô.”
 
Já a uva casca dura tem melhor maturação no município do que em outras regiões, segundo Michele. Um vinho produzido pela vinícola da família dela, a partir da uva foi premiado com a medalha de ouro em um concurso, no ano passado. “A casca dura tem aqui uma maturação diferente, que resulta em aromas diferenciados”, completa Michele.
 
Alyne Chicocki, consultora do Sebrae/PR, conta que a instituição contribuiu em todo o processo de montagem do dossiê, além de colaborar com o estatuto da associação, caderno de especificações técnicas, signo distintivo, rastreabilidade e normas de produção, entre outros quesitos.
 
“Para ter o reconhecimento de Indicação Geográfica, além de pertencer ao território de Bituruna, é preciso produzir conforme as especificações do caderno técnico”, alerta Alyne.

(fonte: Assessoria)