Não é de estranhar a tentativa canhestra da oposição de fazer uso político do blecaute que atingiu 18 estados brasileiros na última terça-feira, dia 10. Na impossibilidade de comparar os feitos do governo de FHC com as conquistas do governo Lula, por absoluta inanição de resultados para apresentar, os responsáveis pelo apagão de 2001-2002 buscam confundir a opinião pública, fazendo crer que são situações assemelhadas.
Nada mais enganoso. A queda das linhas de tramissão que transportam a energia hidrelétrica de Itaipu, levou ao blecaute. Ocorrência que se deveu a fenômenos climáticos, descargas atmosféricas, ventos e chuvas muito fortes na região de Itaberá (SP), como esclareceu o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão. Assim,  não se pode atribuir o problema elétrico a insuficiência de geração de energia, a ausência de interligações e, muito menos, a falta de planejamento do setor.
Esses, sim, foram reconhecidos estopins do apagão, que levaram ao racionamento de energia, durante a administração tucana, com corte de 20% dos gastos com energia. Naquela ocasião, a insuficiência de investimentos no sistema elétrico, na interligação  da transmissão, associado a forte estiagem que  causou  escassez de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas, produziram um dos piores momentos da nossa história recente.
Além do sofrimento individual dos cidadãos, o racionamento fez com que a taxa de crescimento da economia fosse de 4,3%, em 2000, para 1,3%, em 2001, gerando desemprego, redução da competitividade do produto nacional, diminuição da arrecadação, entre outras consequências nefastas.
De acordo com o relatório do Tribunal de Contas da União – TCU sobre os efeitos do apagão 2001-2002,  a crise de insuficiência energética, à época, custou R$ 45,2 bilhões ao país. Desse prejuízo, R$ 27,12 bilhões, cerca de 60%, foram bancados pelos consumidores com os aumentos nas contas e com o que foi chamado de repasse tarifário.
 Com esse passivo de negligência e irresponsabilidade, a oposição não tem autoridade para transformar uma pane do sistema de transmissão de energia, que pouco depois foi restabelecida, em pretexto para fazer uso político-eleitoral, apostando na abominável tese do “quanto pior, melhor”. Não quero minimizar o desconforto e o atropelo provocados pelo blecaute. Só não aceito que se tente manipular a população proferindo meias-verdades, que muitas vezes são, defato, mentiras completas.
 Ao propagar uma suposta falta de investimento no setor energético pelo governo Lula, a oposição denuncia sua falta de informação, na melhor das hipóteses.
O sistema de transmissão de energia no país é adequado, foi ampliado e interligado nos últimos anos. Somente para o período de 2008 a 2010, os investimentos em infraestrutura elétrica são da ordem de R$ 219,8 bilhões. Na geração, os investimentos são de R$ 134 bilhões, sendo R$ 107 bilhões em usinas hidrelétricas e R$ 27 bilhões em usinas térmicas. Em abril de 2009, a capacidade de geração instalada era de 111.787 MW. Desde 2003, foram acrescidos 21.820 MW, sendo 10.601 MW provenientes de hidrelétricas.
 Já seria tempo da Oposição encarar o momento eleitoral que se aproxima em oportunidade de discutir-se como fazer o Brasil crescer ainda mais ao invés de brigar com a realidade, desqualificando o debate e tentando distorcer a realidade.
 
 Pedro Eugênio é deputado federal pelo PT-PE. Contato: [email protected]