BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Osmar Terra (Cidadania), que gere o Bolsa Família, minimizou o impacto do programa sobre os mais pobres, no momento em que o governo o utiliza para alavancar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro.


“O maior programa de proteção às famílias mais pobres não é o Bolsa Família, é o BPC (Benefício de Prestação Continuada), do governo Fernando Henrique [Cardoso]. O BPC é o dobro do Bolsa Família em recursos. Aposentadoria do trabalhar rural é do Itamar Franco, que é maior que todos os outros juntos”, disse o ministro.


Terra falou com a reportagem nesta quinta-feira (11), dia em que o governo Bolsonaro anunciou a concessão de 13º para os beneficiários do Bolsa Família. O Ministério da Cidadania mandou um comunicado informando da iniciativa instantes depois da cerimônia dos cem dias no Palácio do Planalto.


Tanto o BPC quanto a aposentadoria rural estarão sujeitos a um endurecimento caso a reforma da Previdência seja aprovada pelo Congresso da forma como foi enviada pelo governo.


Osmar Terra afirmou, contudo, que o texto final deve ser alterado. “O ministro Paulo Guedes (Economia) já falou que o BPC deverá ser preservado”, disse. “O produtor rural [aposentadoria no campo] está se discutindo, vamos ver.”


Para o ministro, “o texto tem que ser o necessário e tem que poupar os mais pobres. Tem que cobrar a parte dos que ganham mais”, disse, ecoando críticas de congressistas ao projeto original.


Promessa de campanha de Bolsonaro, o 13º do Bolsa Família atingirá principalmente áreas onde predominam eleitores que rejeitaram o presidente nas urnas e agora reprovam seu mandato, especialmente no Nordeste.


Para Osmar Terra, não é uma estratégia política do governo se apropriar de programas voltados aos mais pobres, em geral associados à esquerda.


“Não tem cor partidária nem ideológica. Acho que a esquerda pode até querer tomar conta, dizer que é dela, mas não é”, afirmou.


“O BPC e a aposentadoria do trabalhador rural, tudo isso são programas muito maiores que o Bolsa Família ou do mesmo tamanho, no caso do Bolsa Escola, e ninguém reivindica para esquerda ou para a direita”, concluiu.


A concessão do 13º no Bolsa Família terá um custo anual de R$ 2,6 bilhões. Por outro lado, não haverá reajuste no valor do benefício neste ano.