O Relatório de Competitividade Global (The Global Competitiveness Report 2009-2010), preparado pelo Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum-WEF), revelou que o Brasil subiu 08 (oito) degraus em uma escada de 133 nações, acompanhadas entre os exercícios econômicos de 2008 e 2009, passando do 64º para o 56º posto, chegando a um bloco intermediário no certame de competitividade, que é liderado por Suíça (nota 5,60), Estados Unidos (5,59), Cingapura (5,55) e Suécia (5,51). O score brasileiro foi 4,23 em uma escala que varia entre zero e dez.
Isso significa que, durante o intervalo de tempo que abarcou a maior contração da produção e dos negócios do sistema capitalista depois da II Guerra Mundial, o país exprimiu a melhor performance entre os Brics, grupo de emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China, o que lhe permitiu conquistar o 4º lugar, antes ocupado pela Rússia.
Por certo, existem reparos científicos inerentes aos cálculos de competitividade, feito pelo WEF, incluindo 12 variáveis (instituições, infraestrutura, estabilidade macroeconômica, saúde e educação primária, educação superior e treinamento, eficiência nos mercados de bens, eficiência no mercado de trabalho, sofisticação do mercado financeiro, disponibilidade de tecnologia, tamanho do mercado, sofisticação dos negócios e inovação), extraídas de fontes estatísticas diferenciadas, que empregam metodologias nem sempre comparáveis e/ou por vezes com exagerada natureza sensitiva e/ou opinativa, revelada por investigação feita junto aos empresários de 133 países.
Todavia, soa indiscutível a subida do desempenho brasileiro (72º em 2007), imputada à maturação de algumas mudanças institucionais implementadas em uma trajetória de quase duas décadas. Tratam-se de alterações no modus operandi da economia do país, centradas na busca do equilíbrio das contas públicas, na desregulamentação e maior exposição dos mercados financeiros e de bens à concorrência exógena, depois de mais de meio século de fechamento e protecionismo das atividades internas, sob a tutela da operação de instâncias públicas de eficiência precária.
A pesquisa demonstrou que o Brasil teria tirado proveito da defensiva (anos 1990) e ofensiva (década de 2000) modernização tecnológica empreendida pelas empresas, favorecida pela condição de 9º maior mercado doméstico do planeta, em potencial de consumo e diversificação, e pela vigorosa sofisticação verificada no aparelho financeiro, principalmente quando comparado às demais nações latinoamericanas. Prezados leitores: grato pela companhia em 2009; desejo-lhes um excelente 2010. Abraços a todos.



Gilmar Mendes Lourenço é Economista, Coordenador do Curso de Ciências Econômicas e Editor da Revista “Vitrine da Conjuntura” da FAE Centro Universitário, Conselheiro do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon) e Diretor do Sindicato dos Economistas do Estado do Paraná (Sindecon). Ele escreve às Quartas-Feiras neste espaço.