São Paulo, 09 (AE) – Muita gente se pergunta: um veículo convertido para GNV pode dar mais manutenção? O questionamento surge quando se leva em conta que os carros originalmente movidos por outros combustíveis não foram projetados para trabalhar com o gás. Embora especialistas digam que um veículo convertido não costuma dar problemas quando a instalação é bem feita, é preciso ter atenção especial com alguns componentes, especialmente os que fazem parte do sistema de ignição.

“Mesmo a regulagem mais bem ajustada não é perfeita. Com o tempo alguns sensores podem variar”, explica o diretor Técnico da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Paulo Losano. “Se a combustão não acontecer de maneira correta, formam-se resíduos e pode ocorrer a carbonização das velas.”

O engenheiro mecânico Rubens Venosa, da oficina Motor Max, diz que qualquer desperdício de gás pode causar pequenos estouros no sistema do coletor de admissão e no filtro de ar. “Se cabos e velas não estiverem em bom estado, o gás pode penetrar no motor e não queimar, e também causar inflamações fora da câmara de combustão. Nesse caso o filtro de ar pode ser danificado”, afirma Venosa.

Ele acrescenta ainda que os danos nessa peça podem gerar perda de potência. “Aos clientes, recomendamos trocar o filtro de ar a cada 10 mil km, em vez de 15 mil. Já as velas, que nos carros a gasolina e a álcool são substituídas a cada 30 mil, nos convertidos devem ser trocadas a cada 15 ou 20 mil km”, diz Abel Pereira, da instaladora Mundial Gás.

Marcelo Maestre, dono da convertedora e oficina Alpha Gás, confirma que se deve dar muita atenção a velas, cabos de velas e filtro de ar. “O GNV tem combustão diferente. Qualquer problema nas velas atrapalha a queima do gás”, explica Maestre. “Essas peças se desgastam naturalmente. Nos veículos movidos a GNV o problema fica logo evidente. Esses componentes precisam estar em dia.”

A bomba de combustível também pode gerar dor-de-cabeça aos donos de veículos convertidos. Mas só se for esquecida. Para Venosa, não se pode ignorar o papel da gasolina nos veículos movidos a GNV. “Quem usa o gás nem pensa em encher o tanque. Nesse caso, a bomba vai ficar parada e seca. Quando for preciso utilizá-la, ela vai travar. Deixe metade do tanque com combustível e o renove todo mês.”