O presidente do PMDB do Paraná, deputado estadual Waldyr Pugliesi, confirmou ontem que o grupo contrário ao fechamento da aliança com o PT de Dilma Roussef deve recorrer à Justiça para impedir que a convenção nacional do partido seja antecipada de março para o próximo dia 6 de fevereiro – conforme decisão da Comissão Executiva Nacional. Segundo Pugliesi, os membros da cúpula nacional só estão interessados em confirmar o presidente da legenda, deputado federal Michel Temer (SP), como candidato à vice-presidente da República na chapa encabeçada pela ministra Dilma Roussef (PT).
“É um golpe branco dentro do partido. Fui o primeiro presidente de diretório estadual a discordar da aliança com o PT. Esse pessoal está interessado nos cargos e ministérios que ocupam. Pois nós vamos contratar advogado e tentar impedir que esta convenção se realize”, afirma.
Segundo Pugliesi, a antecipação da convenção representa um “desrespeito a um líder histórico”, o governador do Estado, Roberto Requião, que lançou sua pré-candidatura à Presidência da República com o apoio de 15 diretórios estaduais. “Estão querendo avançar de maneira célere para que os que discordam da posição do partido fiquem sem ação. Sabemos das dificuldades, mas já conversei com outros companheiros do partido hoje e vamos entrar com medida judicial para impedir a decisão”, disse. “A direção nacional quer sacramentar sua posição e obter o controle total do partido.”
Por meio de sua assessoria de imprensa, Requião disse que a antecipação da convenção é um “golpe” e garantiu que fará o que estiver ao seu alcance para impedir que a reunião aconteça em 6 de fevereiro. Em viagem à Itália, o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique Silveira, por meio de sua assessoria, disse ser contra a antecipação e afirmou que, quando retornar, vai se reunir com Requião e Quércia para definir a linha de ação dos oposicionistas.
A iniciativa de Pugliesi porém não é unanimidade sequer entre os peemedebistas paranaenses. O deputado federal Rodrigo Rocha Loures afirma que “a realidade sempre se impõe e a realidade é que Michel Temer será reconduzido à presidência do partido. Não há outra liderança capaz de fazer frente à posição dele e as questões locais não vão contaminar o projeto nacional”. Assim, o parlamentar garante que não há porque esperar até março para realizar a convenção. “Não há nada que justifique ficar sangrando mais 30 dias para tomar uma decisão que já é consenso na maioria absoluta do partido. O PMDB fraco só interessa a outras legendas. Por isso, a solidez do partido será preservada e ampliada. Sairemos mais robustos deste processo”, comenta.
A avaliação da Executiva é de que o adiamento só servirá para dar mais tempo aos dissidentes para se mobilizarem contra a parceria do PMDB com o PT. Além disso, a cada dia cresce a resistência ao nome de Temer no comando da campanha de Dilma. Na opinião de parte do governo, o deputado não tem voto nem agrega apoio, apesar de ser de São Paulo, o maior colégio eleitoral do País.
O presidente do PMDB em São Paulo, Orestes Quércia, e o vice-presidente nacional do PMDB e presidente do partido em Santa Catarina, Eduardo Moreira, também afirmaram ontem a intenção da ala alinhada com os partidos de oposição de entrar com medida judicial para impedir a antecipação da convenção “Já estamos com a ação pronta e devemos entrar na Justiça ainda nesta semana”, afirmou Moreira.
De acordo com Quércia, membros do partido em São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Pernambuco devem endossar a ação, que está sob análise de advogados do partido. Para Quércia, a realização da convenção em fevereiro “não é oportuna”. Os governadores do Paraná, Roberto Requião, e Santa Catarina, Luiz Henrique Silveira, já haviam sinalizado que liderariam um movimento contra a antecipação da convenção. Moreira disse que a decisão não tem legitimidade porque foi combinada na véspera, “durante um jantar para poucos”, e a Executiva não estava com todos os seus integrantes na reunião.