Cidade do Vaticano, 24 (AE) – Dom Odilo Pedro Scherer é o primeiro cardeal brasileiro nomeado pelo papa Bento XVI. Ele compõe desde hoje (24) o grupo de nove cardeais brasileiros, dos quais quatro são eleitores porque têm menos de 80 anos. Em caso de morte do papa, d. Geraldo Majella Agnelo, d. Cláudio Hummes, d. Eusébio Scheid e d. Odilo Scherer poderão eleger o sucessor em conclave do qual participam 120 cardeais.

A cerimônia solene deste sábado foi celebrada dentro da Basílica de São Pedro, no Vaticano, porque a previsão do tempo indicava chuva. Os 23 novos cardeais entraram pelo portão direito da basílica, situado próximo à Pietà de Michelangelo. Eles percorreram em procissão a nave central até o altar, onde se encontra o baldaquino (dossel com cortinas, apoiado em colunas, para embelezar tronos) do escultor Bernini. Em seguida, entrou o papa.

A cerimônia contou com a liturgia da palavra, na qual foi lida a primeira carta de São Pedro e trecho do evangelho de São Marcos.

Na homilia, o papa expressou preocupação com a minoria cristã no Iraque, destacando a entrada do patriarca da Igreja Caldéia (denominação da comunidade cristã iraquiana), Delly Emmanuel III no colégio dos cardeais. Os cardeais fizeram o juramento e, quando o nome de cada um foi pronunciado, grupos de fiéis que lotavam a basílica aplaudiram, erguendo bandeiras de vários países representados – também do Brasil. Além do barrete, como tradição, o papa designa à cada cardeal uma igreja em Roma. Dom Odilo recebeu a importante igreja de Sant’Andrea no Quirinale, perto da praça onde está o palácio da Presidência da Itália.

No final da cerimônia, Bento XVI surpreendeu todos com um gesto improvisado, saindo no átrio da basílica para cumprimentar os fiéis que assistiam à cerimônia na Praça São Pedro.

CONTEXTO – Dom Odilo Scherer acredita que a sua nomeação é uma honra para São Paulo. Segundo ele, a composição do colégio cardinalício não é nem progressista, nem conservadora, e sim “adequada ao seu contexto histórico”. Na véspera da cerimônia solene para a nomeação dos 23 novos cardeais, ele admitiu que “o diálogo ecumênico com os pentecostais no Brasil ainda é muito incipiente”. Um dia antes da cerimônia de nomeação, os cardeais estiveram reunidos com o papa para discutir vários temas, com destaque ao diálogo entre as Igrejas Cristãs.

Segundo d. Odilo, há “passos bem concretos” no diálogo com protestantes e ortodoxos, mas, lamentou, com os pentecostais ainda existem dificuldades. “Com os novos grupos que surgiram, o diálogo ecumênico está muito incipiente e requer muito esforço e paciência”, disse o arcebispo de São Paulo. “Precisa haver vontade das duas partes. Os católicos têm muita vontade.”