O zagueiro Danilo está consciente que vai perder alguns jogos do Palmeiras na Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro. Arrependido, o atleta se desculpou publicamente nesta sexta-feira por ter cuspido em Manoel, zagueiro do Atlético-PR, e por tê-lo chamado de “macaco” na vitória palmeirense de 1 a 0, na quinta à noite, no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, no Palestra Itália.

Após a partida, Manoel e o advogado do Atlético-PR, Alfredo Ibiapina, foram ao 23º Distrito Policial, em Perdizes, e registraram o caso como injúria qualificada por discriminação racial. A pena varia de 1 a 3 anos de prisão. “Vamos ainda ouvir algumas testemunhas, como o goleiro Marcos, e solicitar as fitas de vídeo do jogo”, disse o delegado Marco Aurélio Batista, responsável pelo caso. “Em 15 dias quero encerrar o caso e passá-lo à Justiça, se preciso.”

Danilo foi nesta sexta-feira à delegacia, acompanhado do advogado do Palmeiras, André Sica, e de quatro seguranças do clube. Prestou esclarecimentos por 1 hora e 40 minutos. “Conversei com minha esposa e quis ir (à polícia) para entender mais. Talvez eu deveria saber mais da lei, mas hoje só sou jogador de futebol”, contou o zagueiro palmeirense, acreditando que não será punido na esfera policial. “Eu errei, mas não sou marginal. Fiquei surpreso que o caso terminou na polícia. A gente só acompanha esses casos na televisão. Na própria delegacia me falaram que ele estavam lá para prender bandido e não por palavreado hostil dentro do gramado.”

A confusão aconteceu aos 21 minutos do primeiro tempo da partida no Palestra Itália, quando Danilo e Manoel se estranharam dentro da área. O atleticano deu uma cabeçada no palmeirense e depois levou o cuspe na cara. As câmeras de tevê mostram o exato momento da agressão, assim como a ofensa racial do zagueiro do Palmeiras ao adversário.

“Ele também me ofendeu e xingou minha mãe, mas são coisas que acontecem no jogo, o palavreado no futebol é esse”, contou Danilo. “Aí ele me deu a cabeçada e eu perdi a razão. Quero pedir desculpar ao Manoel, estou arrependido. Ele é um ser humano e isso não se faz.”

Danilo admitiu que não esperava tanta repercussão do caso. “Eu sou xingado e xingo também. Achei que as coisas iriam se apaziguar depois do jogo”, contou o jogador, que, além do possível processo na esfera criminal, corre o risco de ser suspenso por até 22 jogos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Os advogados do Palmeiras usarão as declarações de Manoel logo após o jogo para amenizar a pena de Danilo. O jogador do time paranaense disse a emissoras de rádio que nada de anormal havia acontecido entre ele e Danilo e classificou as palavras trocadas entre eles como “coisa de jogo”.

Minutos depois, o jogador do time paranaense mudou a versão e resolveu acusar o zagueiro palmeirense. “Isso configura que o Manoel foi inclinado a mudar sua versão pelo Atlético e isso pode ajudar na defesa do Danilo”, disse o diretor do Palmeiras, Savério Orlandi.

Manoel não se pronunciou nesta sexta-feira sobre o caso. Seu empresário, Neco Cirne, disse que o jogador está muito abalado com a situação e, por isso, será blindado. Sobre a mudança dos discursos do zagueiro, ele disse que isso foi natural. “O Manoel acabou de completar 20 anos, não tem muita noção do que representa esse crime e estava confuso, não sabia como proceder. Ele vai ser bem assessorado pelo Atlético. Não vai deixar essa questão passar em branco”, disse o agente.