A Antártida está derretendo a um ritmo mais rápido do que se imaginava. O alerta é de estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência das Nações Unidas. A consequência é a elevação dos oceanos a níveis não previstos pelo Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC). As conclusões do painel deveriam servir como base de políticas públicas sobre mudanças climáticas.

O relatório, preparado no âmbito das comemorações do Ano Polar, indica que os polos estão sofrendo “acelerada e generalizada” perda de gelo. Colin Summerhayes, diretor-executivo do Comitê Científico de Pesquisas sobre a Antártida, admitiu que não esperava conclusão tão sombria. O estudo foi realizado durante dois anos e envolveu mais de mil cientistas de 60 países.

Para chegar ao resultado, eles utilizaram satélites, submarinos e alta tecnologia. A pesquisa concluiu que, em dez anos, as águas próximas ao continente aqueceram duas vezes mais que o resto dos oceanos nos últimos 30 anos. “Pode ser o indício de um colapso da cobertura de gelo da Antártida”, alertou Summerhayes. “Essas mudanças provam que o aquecimento global está afetando a Antártida de formas que não conhecíamos antes”, afirmou.

Outra conclusão foi que o número de blocos de gelo deslocados do continente atinge uma taxa sem precedentes. Isso seria parte das evidências de que há uma mudança climática na região. A maior preocupação se refere ao Glacial de Pine: o degelo faz com que se mova 40% mais rápido que a taxa média registrada nos anos 1970. No caso do Glacial Smith, a velocidade é 83% maior que a verificada em 1992. Segundo os cientistas, a aceleração é uma variável que indica perda de gelo.