A primeira caverna de topo do gênero ‘conduto vulcânico’ – que há 130 milhões de anos era um vulcão ativo – do Brasil foi descoberta na última semana (20 de fevereiro), no município de Palmital, região central do Paraná. A caverna está localizada no alto de uma montanha, a mais de 800 metros de altitude em relação ao nível do mar.

É uma caverna em basalto, da formação Serra Geral, e possivelmente um conduto vulcânico do tipo gigante, até então desconhecido no Brasil, explica o acadêmico de Geografia da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Geovane Ricardo Calixto, um dos responsáveis pela descoberta científica.

Geovane, juntamente com os professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Wellington Barbosa de Silva e Eliza do Belém Tratz, fizeram o reconhecimento espeleológico e geológico da área e deverão iniciar a exploração científica nos próximos dias.

Para eles, a descoberta deste gênero de caverna representa a possibilidade do início de um estudo sobre a origem da formação do 3º Planalto da Serra Geral.
 
O proprietário da fazenda onde a caverna está localizada, Basílio Burei, conta que descobriu a formação geológica há 60 anos, durante perseguição a porcos selvagens. Desde então passou a chamar o local de Casa da Pedra.

Naquela época era possível ver no interior da caverna vestígios de fogo, além de árvores e plantas carbonizadas, conta Basílio, que irá ceder a área para as pesquisas.

De acordo com o secretário municipal do Meio Ambiente e Turismo de Palmital, Miguel Burei Sobrinho, algumas fotos da caverna foram divulgadas em redes sociais e, desde então, pesquisadores de mais de cinco estados já demonstraram interesse em conhecer o ‘achado’.

Esta descoberta representa um marco para o estudo da geologia no país e insere Palmital no roteiro científico de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, comemora o secretário. Segundo ele, o município pretende fazer parcerias com Universidades para ampliar o incentivo à pesquisa e ao turismo na região.
 
O deputado estadual Rasca Rodrigues (PV), solicitou no ano de 2006 – durante sua gestão como secretário estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – um estudo oficial que cadastrou 260 grutas e cavernas no Paraná. O estudo foi realizado pelo Grupo de Estudos Espeleológicos do Estado.

É um patrimônio que precisa ser preservado. Esta caverna de Palmital representa um prova sustentada pela ciência de que o nosso Estado tem a sua formação geológica constituída de erupção vulcânica, diz Rasca, que apresentará nos próximos dias um Projeto de Lei para proteção das cavidades naturais e subterrâneas do Paraná, após análise da Mineropar.

O estudo realizado no ano de 2006 apontou que, muitas cavernas localizadas nas proximidades de áreas urbanas, foram danificadas pela falta de uma politica de conservação. Se todas as cavernas do Paraná estivessem nas mãos de pessoas como o senhor Basílio Burei, não teríamos esta preocupação, ressalta Rasca.

As cavernas vulcânicas, também conhecidas como tubos de lavas, são formadas durante a erupção dos vulcões. Após percorrer a superfície e formar os rios de lava, a exposição com o meio ambiente causa o resfriamento e solidificação da lava, resultando em uma crosta que vai se tornando cada vez mais espessa, até que a parede forme um túnel de lava. Na medida em que o fluxo de lava diminui, o túnel começa a se esvaziar, resultando nos condutos vulcânicos.

As cavernas são originárias de processos geológicos que podem envolver uma combinação de transformações químicas, tectônicas, biológicas e atmosféricas. Devido às condições ambientais exclusivas das cavernas, este ecossistema apresenta fauna especializada para viver em ambientes escuros e sem vegetação nativa.