JOSÉ MARQUES, ENVIADO ESPECIAL, ESTEVÃO BERTONI E JULIANA COISSI MARIANA, MG, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quase 30 horas depois do rompimento de duas barragens de uma mineradora na zona rural de Mariana (MG), ainda não é possível saber quantas pessoas estão desaparecidas e nem a extensão dos danos ambientais. Até a noite desta sexta (6), uma morte havia sido confirmada e mais de 500 pessoas, que fugiram para a mata ou que ficaram ilhadas, foram resgatadas. Elas passaram por descontaminação para se livrar de resíduos de minério de ferro e produtos químicos misturados à lama.

A Samarco, que pertence à Vale e à australiana BHP e é responsável pelas barragens, confirmou 13 funcionários estão desaparecidos, mas nem Bombeiros nem Defesa Civil sabem quantos moradores ainda não foram localizados (há relatos de que muitas pessoas, principalmente crianças, não foram resgatadas).

Sem condições de acessar o vilarejo de Bento Rodrigues, que tem 492 moradores e ficou destruído, as equipes de resgate usaram um drone e três helicópteros na tentativa de localizar sobreviventes. Só quando o barro baixar e o terreno estiver firme é que as equipes irão entrar no vilarejo à procura de corpos.

As causas do acidente, que o Ministério Público classificou como o maior desastre ambiental da história de Minas, seguem uma incógnita. A empresa informou que o conjunto de barragens no município foi alvo de fiscalização em julho e estava em “totais condições de segurança”. Disse ainda que seguiu seu plano para emergências e alertou os moradores por telefone.

Segundo a empresa, dois pequenos tremores de terra registrados na área duas horas antes do rompimento são uma das hipóteses avaliadas e afirma que os resíduos que atingiram cinco distritos de Mariana, não são tóxicos. No ginásio para onde foram levadas centenas de desalojados, o clima era de desespero. Cartazes foram afixados em busca de parentes. Segundo o prefeito Duarte Junior (PPS), moradores das outras localidades foram avisados a tempo de deixarem suas casas. “No distrito de Paracatu a parte baixa onde estava a escola e as casas, infelizmente, não existe mais.”