O resultado das eleições municipais de 2012 modelou, no Paraná, uma nova geografia política. A correlação de forças entre os partidos sofreu uma enorme reformulação, principalmente com a vitória do prefeito eleito de Curitiba, Gustavo Fruet, do PDT. Para nós, pedetistas, trata-se de um momento histórico. Não só pela oportunidade em gerir o destino de milhares de paranaenses, mas principalmente porque a sociedade brasileira também vive uma expectativa de mudança. O julgamento do chamado mensalão pelo Supremo Tribunal Federal – STF repercutiu em todo o País e a partir de agora o eleitor vai exigir dos partidos uma postura mais transparente; com ações moldadas e voltadas aos seus anseios e aspirações. Sem exceção, serão obrigados a se adequar a essa nova realidade sob pena de se verem mergulhados numa crise de identidade que fatalmente os levará a bancarrota.
Segundo o Tribunal Regional Eleitoral – TRE, o número de cidadãos aptos a votar nas últimas eleições no Paraná foi superior a 7,7 milhões. Em Curitiba está concentrado mais de 15% desse universo. A partir de 1º de janeiro de 2013, o PDT terá sob sua gestão 36 municípios que representam cerca de 25% do total de eleitores no Estado. A seguir, ainda de acordo com os dados do TRE, aparece o PMDB que venceu em 56 municípios e totaliza 11% dos eleitores. Empatados com 9% estão o PT, PSDB e PSD – que conquistaram 41, 76 e 35 prefeituras, respectivamente. Esse novo quadro irá exigir de todos os partidos um amplo processo de transformação que inclui novas responsabilidades, obrigações e mudança de posturas. As consequências, boas ou más, serão proporcionais ao que cada sigla representa à sociedade. 
A pulverização partidária contribui para o aprimoramento do processo democrático à medida que os feudos eleitorais deixam de existir. Com eles, morre o paternalismo, o clientelismo, as práticas rasteiras de uma política ultrapassada que visava apenas os interesses mesquinhos. O eleitor deu mostras, principalmente no pleito de Curitiba, que o poder econômico, o uso da máquina pública e até mesmo o apoio de lideranças personalistas não têm mais o peso de antanho. O que ele exige dos homens públicos é coerência, ética e preparo a serem exercidos no dia a dia. Votar é, acima de tudo, um dever cívico que exige postura política e consciência social. A eleição de Gustavo Fruet deu-se a revelia das pesquisas, do marketing eleitoral e das falácias eleitoreiras. Esse é o novo cenário da política brasileira e o PDT está atento a todas suas transformações. 
Nos últimos anos, a retórica prevalente, notadamente no Congresso Nacional, tem sido a discussão sobre a necessidade de se promover uma profunda reforma política na vida nacional. Sem dúvida que se trata de uma condição necessária. Mas é preciso, antes de tudo, que as mudanças e transformação se deem no dia a dia da vida partidária, nas discussões internas, na democracia participativa entre dirigentes e dirigidos. É preciso que haja partidos sem donos; que a força do pluralismo se dê pelo debate, pelo confronto das ideias e não pelo fisiologismo ou poder econômico. O mesmo se dá em relação às coligações partidárias. Não basta que haja identidade ideológica ou afinidades políticas, mas sim o compromisso programático capaz de consolidar um projeto comum voltado aos interesses da sociedade.
O PDT, no Paraná, é cônscio de suas responsabilidades. Trata-se de um partido nascido não da vontade pessoal ou dos interesses imediatos de seus dirigentes, mas fruto de um processo histórico que sempre teve o trabalhismo, a defesa dos interesses nacionalistas e principalmente, as profundas e contínuas reformulações sociais como propostas e anseios. Um partido que se propõe ouvir suas bases e exige ser ouvido nas mesas de negociações. Um partido que, sob a liderança inconteste do ex-senador Osmar Dias, não irá se omitir ou fugir da responsabilidade em participar ativamente das grandes mudanças que teremos na vida política do Estado.

Haroldo Ferreira, médico, ex-deputado estadual, é presidente em exercício do PDT no Paraná