AGUIRRE TALENTO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Gerentes do segunda escalão da Refinaria Abreu e Lima apontaram uma contradição no depoimento do superior deles, o ex-gerente-geral Glauco Legatti, em sessão da CPI da Petrobras nesta segunda-feira (8).
Apesar de Legatti ter afirmado que nunca indicou membros para as comissões de licitações dos contratos de Abreu e Lima, ao menos dois ex-gerentes subordinados a ele disseram que houve indicações de Legatti.
“Na minha época, em 2008, ele [Glauco Legatti] indicou sim, mas posteriormente os gerentes das unidades eram quem indicavam. Em 2008 ele indicou”, afirmou o engenheiro Abenildo Alves de Oliveira, que foi gerente do contrato de construção de obras prediais da refinaria.
Outro engenheiro, Heleno Lira, responsável por obras de infraestrutura de Abreu e Lima, afirmou que os contratos “de maior porte” tinham comissões de licitação indicadas por Legatti.
Com as declarações, o deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), que é o sub-relator da CPI para as irregularidades em refinarias, apontou que Legatti “mentiu” à CPI e defendeu uma acareação entre o ex-gerente geral e os dois delatores da Lava Jato, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e o operador de propina Shinko Nakandakari.
Shinko afirmou em sua delação que pagou R$ 400 mil em propina a Legatti, mas o ex-gerente negou a acusação. “Eu não recebi um centavo do senhor Shinko Nakandakari.”, disse Legatti à CPI da Petrobras em depoimento prestado em 31 de março.
DECEPÇÃO
Outro depoente desta segunda, Flávio Casa Nova, que também foi gerente de Abreu e Lima, disse que seu sentimento com as denúncias de corrupção na obra é de “decepção, de raiva, de revolta”. “Eu segui as regras da companhia”.
A CPI ouviu nesta segunda funcionários da Petrobras que atuaram em Abreu e Lima, na refinaria de Capuava e no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio). Eles afirmaram desconhecer corrupção ou irregularidades nas obras.
Na terça (9), a CPI vai ouvir o consultor Júlio Faerman, apontado como operador de pagamentos de propina a funcionários da Petrobras pela empresa holandesa SBM Offshore. A CPI, porém, recebeu um habeas corpus preventivo obtido por Faerman junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) que lhe dá o direito de ficar calado no depoimento.