No dia 12 de novembro o Ballet de Londrina desembarca em Curitiba para a apresentação da peça A Sagração da Primavera, no Guairão. O novo espetáculo relê obra fundadora da modernidade e consolida uma linguagem coreográfica própria. O grupo apropriou-se percurso do homem na Terra para conceber sua nova montagem.

A peça dá continuidade à pesquisa do coreógrafo Leonardo Ramos sobre a exploração da horizontalidade e de novos eixos de apoio e equilíbrio na locomoção dos bailarinos, característica que já ganhou status de ‘linguagem’ dentro de sua obra e da companhia. Eu descobri há alguns anos que quando coloco o elenco em pé eu sou convencional. No solo eu consegui expor algo que é novidade até para mim, afirma Ramos.

Outro atributo que se consolida na nova montagem é a utilização de uma obra inspiradora para uma criação coreográfica original – procedimento de sucesso desde Decalque (2007), concebido a partir do roteiro de Romeu e Julieta.

A companhia londrinense propõe uma leitura contemporânea para A Sagração da Primavera, considerada a primeira obra de vanguarda que definitivamente escancarou as portas da Europa para a modernidade.

Com música de Igor Stravinsky e coreografia de Vaslav Nijinsky, o balé estreou em Paris na noite de 29 de maio de 1913, no Théâtre des Champs-Élysées, com sucesso.

O enredo é baseado em uma antiga lenda russa. A peça narra o sacrifício de uma virgem, oferendada aos deuses da primavera em troca da fertilidade da terra.  A jovem eleita dança freneticamente até a morte. As inovações, entretanto, residiam na forma de apresentar o ritual pagão ao público.

A música composta por Stravinsky subordinava melodia e harmonia ao ritmo. Seu andamento era assimétrico e complexo, com acentos perturbantes. O discurso sonoro, que se aproxima do ruído e tem claramente uma intencionalidade dramática, dava especial relevo para a percussão e para as repetições.

O elenco desdobra-se em formações – ora individuais, ora coletivas; ora sincrônicas, ora tenazmente díspares – que ocupam principalmente os planos médio e baixo. A conjugação de corpos estendidos horizontalmente faz lembrar a geografia da natureza em constante transformação e em feroz avanço sobre si mesma. Há a dominância de quedas e lutas corporais, sem que para isso os bailarinos precisem elevar-se do solo em grande medida.

Serviço:

Local: Teatro Guaíra – Guairão

Endereço: Rua XV de Novembro, 971 – Centro

Data e horário: Dia 12 de novembro de 2011 (sábado), às 20h30

Preço: Não divulgado