Jhonatan de Sousa Silva, de 25 anos, acusado de executar o jornalista Décio Sá, em abril de 2012, em São Luís (MA), mudou ontem a versão do crime no segundo dia do julgamento no Tribunal do Júri. O réu inocentou alguns dos envolvidos e alterou o que havia dito sobre o mandante do crime. “Os policiais ameaçaram minha família. Eles queriam que eu confirmasse uma linha de investigação que eles tinham sobre empresários”, disse no depoimento diante do juiz Osmar Gomes e dos sete jurados.

Jhonatan disse que quem o contratou para matar Décio Sá foi um homem identificado como Marco Antônio, conhecido como “Neguinho Barrão”, e não o empresário Raimundo Sales Chaves Júnior, o “Júnior Bolinha” – apontado como mandante nos depoimentos colhidos antes do julgamento. Segundo Jhonatan, o homem que o contratou foi o mesmo que lhe deu fuga após o crime. Ele disse que Marco Antônio já estaria morto. Jhonatan está sendo julgado junto com Marcos Bruno Silva, 29 anos, acusado de lhe dar fuga após a execução do jornalista.

No depoimento, Jhonatan confirmou que foi contratado por R$ 100 mil, mas que nunca recebeu esse valor. Disse que aceitou matar Décio Sá porque havia acabado de sair da prisão e “estava sem dinheiro para alimentar os filhos”. Marcos Bruno também acusou a polícia e disse ter sido torturado por aproximadamente 12 horas para assumir a participação no crime.

As três testemunhas de acusação também alegaram que foram coagidas pela polícia para corroborar com a versão apresentada. Até a conclusão desta edição, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão não havia se posicionado sobre o assunto. Repórter de O Estado do Maranhão e blogueiro, Décio Sá foi morto com seis tiros na noite de 23 de abril de 2012, em um restaurante da Avenida Litorânea. De acordo com as investigações, ele foi assassinado ao apurar o assassinato do empresário Fábio Brasil.