SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois do crânio e parte do fêmur de Luzia, o esqueleto humano mais antigo das Américas, serem encontrados, agora foi a vez do meteorito Angra dos Reis sair dos escombros do Museu Nacional, no Rio de Janeiro.

A pesquisadora Maria Elizabeth Zucolotto encontrou o objeto na última sexta (19) enquanto acompanhava as obras de escoramento das ruínas do museu. A mesma pesquisadora, no dia seguinte ao incêndio que destruiu o palacete principal da instituição no início de setembro, entrou no prédio para tentar resgatar os meteoritos da coleção.

Salvou 18 das 24 peças pequenas em exposição, enquanto reboco do teto caía em volta. O meteorito Angra dos Reis não era um deles.

O objeto foi achado intacto dentro de um armário de ferro que o protegeu do fogo que consumiu o museu.

Em nota, Zucolotto afirma que o Angra dos Reis é tão importante que gerou uma nova classificação na área de estudo -os angritos, tidos como as rochas mais antigas do Sistema Solar.

O meteorito tem relevância científica por ter sido, segundo a pesquisadora, o único a cair na Terra e ter sido coletado logo em seguida. Por isso, ele não passou por intempéries no planeta.

O Angra dos Reis caiu em frente à igreja do Bonfim, em Angra dos Reis, em 1869. A queda foi testemunhada por Joaquim Carlos Travassos e por dois de seus escravos, que conseguiram recuperar dois fragmentos do objeto -que se encontravam a aproximadamente dois metros de profundidade. Um desses fragmentos acabou no acervo do Museu Nacional. Desde então, foi objeto de inúmeros estudos.

O achado do meteorito, assim como ocorreu com os ossos de Luzia, ocorre no momento em que equipes fazem a remoção de entulhos e a estabilização da estrutura do prédio incendiado. O processo deve durar mais cinco meses.