RODRIGO VARGAS
CHAPADA DOS GUIMARÃES, MT (FOLHAPRESS) – Visitação descontrolada. Trilhas abertas sem orientação técnica. Perda da vegetação pela passagem e estacionamento de carros e até ônibus de turismo.
A combinação destes fatores ameaça um dos mais belos pontos turísticos de Mato Grosso: o mirante de Chapada dos Guimarães (60 km de Cuiabá).
A erosão avança em pelo menos três pontos e corrói rapidamente uma paisagem que atrai e encanta turistas de todo o mundo.
Em menos de um ano, uma trilha aberta pelo pisoteio dos turistas se transformou em uma fenda com 30 metros de largura e quase 15 metros de profundidade. Há risco de desabamento em vários pontos.
Nesta segunda (9), a Secretaria Estadual do Meio Ambiente interditou o mirante. Além da suspensão imediata da visitação no local, o governo deu dez dias para que o proprietário do local apresente um plano de recuperação de área degradada e 20 dias para início das obras desse plano, além da imediata manutenção de vigilância 24h no local, com implicação de multa diária por descumprimento.
“Quanto mais carros e gente, mais perda de vegetação, compactação do solo e erosão”, afirma Alexandre Batistella, coordenador de Unidades de Conservação e Áreas Protegidas da Sema (Secretaria Estadual de Meio Ambiente).
A área é particular e sua posse é alvo de uma disputa judicial que recentemente passou a incluir até a prefeitura de Chapada dos Guimarães. “Esse é o primeiro entrave: não se trata de uma área pública, como muitos imaginam”, diz o coordenador.
Em 2011, o Ministério Público pediu à Justiça a interdição do acesso ao mirante até que fosse apresentado “um plano de estruturação”.
“De maneira informal, o local se tornou um ponto de turismo e a presença humana desordenada e a má construção de trilhas, associada a fatores naturais da geografia local contribui, para o processo de degradação”, afirmou a Promotoria, na ação.
Desde então, duas interdições foram determinadas pela Justiça, com prazos para que o proprietário, Jefferson Carlos de Castro, apresentasse um projeto de reestruturação. “Até hoje, nada foi feito”, diz Batistella.
Entre as medidas sugeridas para o local, estão o replantio da vegetação e a construção de uma passarela suspensa, que passaria a ser o único acesso permitido aos turistas.
À reportagem o promotor de Justiça do município, Leandro Volochko, disse que pretende iniciar um “diálogo” entre as partes. “Não se trata de impedir a visitação, mas de oferecer um ‘serviço’ de qualidade e com proteção ao ambiente”.
A reportagem não conseguiu contato com o proprietário da área.