ANA LUIZA ALBUQUERQUE, ENVIADA ESPECIAL PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Em compasso de espera. Assim está Porto Alegre, cidade palco de acontecimento que pode alterar profundamente a disputa presidencial em outubro. É no prédio do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em frente ao Parque da Harmonia, que será julgada a apelação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na próxima quarta (24). Condenado em primeira instância a nove anos e meio de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, Lula agora será julgado por uma corte de juízes. Caso condenado novamente, ele ficará, em tese, inelegível pela Lei da Ficha Limpa. A seis dias do julgamento, autoridades reunidas em um grupo de trabalho conversam entre si e com representantes de movimentos sociais para definir a operação. O ex-presidente não deve marcar presença, mas a Frente Brasil Popular espera a chegada de 50 mil pessoas para manifestar solidariedade ao petista. A Secretaria da Segurança do Rio Grande do Sul já definiu que o entorno do tribunal será isolado. Sete prédios públicos ao redor da corte terão o expediente suspenso a partir do meio-dia de terça (23). Os lugares destinados para manifestações também não foram definidos. Na tarde desta quinta (18), a CUT (Central Única dos Trabalhadores) reuniu-se com representantes da Secretaria da Segurança, da Brigada Militar e do Ministério Público. Segundo o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, a conversa trouxe progressos importantes em respeito à montagem do acampamento. Nesta sexta (19) haverá outro encontro para buscar uma conclusão. Também nesta sexta, o MBL tem hora marcada com a Prefeitura de Porto Alegre. O grupo, contrário ao ex-presidente, quer promover um “bloco de Carnaval”, o “CarnaLula”, no Parque Moinhos de Vento, a partir das 18h de quarta (24). A autorização está pendente. POLICIAMENTO O policiamento ainda não foi fechado. O secretário da Segurança do Estado, Cezar Schirmer, afirma que o efetivo depende da quantidade de manifestantes. Mesmo assim, a secretaria trouxe à capital cerca de 450 homens do Batalhão de Operações Especiais do interior do Estado. Cento e cinquenta agentes da FNS (Força Nacional de Segurança), que já atuam há cerca de um ano no combate à onda de violência na cidade, foram orientados a proteger os prédios federais na região do TRF-4. Schirmer diz considerar uma “bobagem” a recente declaração da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Nesta semana, a senadora afirmou que, para prender Lula, “vai ter que matar gente”. O secretário também afirma ver como “inócua” a decisão do prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr. (PSDB), de pedir a presença do Exército durante o julgamento. Schirmer diz que não era da competência da prefeitura fazer este pedido. “Quis jogar um pouco para a plateia”, declarou.