O início da fase internacional da Copa Sul-Americana foi desastroso para o Coritiba. Ontem, o time perdeu em casa por 1 a 0 para o Itagüi, da Colômbia, em pleno Couto Pereira. Ao fim do jogo, o técnico Marquinhos Santos e o superintendente de futebol Felipe Ximenes foram demitidos do clube.

“Sai o Marquinhos e o Ximenes também. Essa presidência sempre foi contrária a mudanças por emoção. Mas vejo que o clube precisa de um fato novo”, disse ontem o presidente Vilson Ribeiro de Andrade, ao fim da partida. Os jogadores têm que sentir na carne. Espero que voltem a praticar o futebol que levou o time à liderança.

Segundo Andrade, Ximenes se sentiu desgastado nos quatro anos de clube. Nesse tempo, ele acertou mais que errou, afirmou o presidente. O Marquinhos, em um ano, fez um trabalho brilhante, mas o futebol vive de resultado. O Coritiba tem uma fase de três jogos muito importante agora e não ia gostar de esperar três rodadas para tomar uma decisão. 

Andrade confirmou que Caio Júnior, recém-demitido do Vitória, é um nome interessante e que preenche vários requisitos que agradam ao treinador. Afirmou que, diante do Náutico, neste sábado (28), o time será dirigido pelo auxiliar Marcelo Serrano. E negou que Paulo Thomaz de Aquino tenha deixado a vice-presidência de futebol. Um repórter de rádio afirmou que o dirigente confirmou a saída à rádio. Mas então por que ele não me comunicou de nada? questionou Andrade.

Marquinhos

Antes mesmo do presidente, Marquinhos Santos foi quem anunciou a saída. É uma decisão tomada. Gostaria de permanecer até o fim do ano, mas acredito nessa decisão feita, disse ele, sem confirmar de quem teria partido a iniciativa do desligamento. Sei que elevamos o Coritiba a um patamar diferente. Conquistamos números importantes, como a liderança e a série invicta dentro do Brasileirão. E agradeceu ao clube pela oportunidade. Marquinhos assumiu o cargo no dia 6 de setembro do ano passado. Nesses 384 dias, somou 69 jogos, com 33 vitórias, 19 empates e 17 derrotas.

Ximenes

Ximenes foi mais claro sobre o desligamento. Como o Marquinhos, fui demitido. De forma tranquila, elegante, profissional e amistosa, disse ele, que chegou ao clube em 2009. Considero que é o encerramento de um ciclo fantástico. Só tenho a agradecer ao Coritiba pela possiblidade de desenvolver meu trabalho. 

Situação

Para ir às quartas-de-final, o Coritiba precisa de uma vitória em que marque pelo menos dois gols. Se passar, enfrentará Libertad (Paraguai) ou Sport Recife, que fazem hoje o primeiro jogo. O próximo duelo dos coxas-brancas pela Sul-Americana está marcado apenas para o dia 24 de outubro, na Colômbia.

O jogo

Como resolveu priorizar a Copa Sul-Americana, o Coritiba levou a campo o que tinha de melhor – ao menos, dentre os que tinham condição de jogo. Isso incluía a escalação do semideus Alex. Mas, no começo, o time ser assustou. Caiu na forte marcação do Itagüi e viu o adversário criar uma boa chance logo aos 4 minutos. O time da casa respondeu em seguida, forçando o goleiro Cabral a duas defesas num curto espaço de tempo.

Se isso indicava um jogo promissor, ficou só na impressão. Os times criaram pouco a partir daí. O Coritiba até apresentou um domínio territorial, mas pecava nos passes quando chegava perto da área colombiana. O visitante se fechou, à espera de brechas para contragolpear. E ameaçou pouco.

Para a etapa final, o técnico Marquinhos Santos trocou o meia Lincoln por Dudu. Mas nem deu tempo de ver que tipo de efeito haveria. Aos 30 segundos, Chico tentou recuar a bola para o goleiro Vanderlei. Mas a deu de presente para Mena, que avançou e abriu o placar a favor da equipe colombiana.

Atrás no marcador, a equipe paranaense tentou pressionar. Mas não conseguia furar a defesa adversária. O nervosismo ficou explícito aos 7 minutos, quando o time teve uma falta em dois lances a seu favor e Chico acertou a barreira – Marquinhos Santos reclamou em alto e bom tom que Alex é quem deveria ter arrematado. Em seguida, o treinador reclamou de pênalti em Vítor Júnior. Logo depois, trocou Jânio por Júlio César.

A partir daí, o Coritiba apostou em bolas cruzadas à área. Foram oito entre os 9 e os 20 minutos. Contudo, nenhuma delas surtiu efeito diante do bem-fechado Itagüi. Marquinhos tentou a última cartada ao trocar o dublê de lateral Escudero pelo meia Zé Rafael, aos 24 minutos.

Com essa alteração, o time da casa passou a atacar desordenadamente. Nervoso, errava muitos passes. Insistia em cruzamentos – 48 ao todo – que não davam certo. E ainda dava espaços para contragolpes. Nesse panorama, o placar não se mexeu mais. E o Coritiba, derrotado, desceu para o vestiário sob o coro de Fora Marquinhos e Queremos raça para jogar no Verdão, vindo da torcida.