Neste ano, o Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa) da Polícia Civil completa oito anos de atuação. Foi a primeira unidade especializada no País a tratar especificamente de crimes ligados à saúde e a acidentes de trabalho.

A unidade conta atualmente com 13 profissionais, sendo uma delegada, escrivães e investigadores de polícia. “Nós procuramos trazer para as delegacias policiais que já tenham alguma experiência profissional nesta área da saúde, para suprir as necessidades das investigações. Já tivemos aqui médicos, educadores físicos, biólogos, farmacêuticos, odontólogos e nutricionistas, por exemplo”, conta a delegada-titular do Nucrisa, Sâmia Coser.

De acordo com a delegada, as investigações realizadas pela unidade são feitas em parcerias com outras instituições ligadas à saúde, pelas especificidades dos casos. “Nós trabalhamos em parceria com vários órgãos, que nos dão o respaldo e vão nos falar qual procedimento foi feito de forma inadequada”, exemplifica.

Entre os casos de maior destaque operacionalizados pelo Nucrisa em 2013, destaca-se o caso envolvendo mortes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico, em Curitiba, que ganhou repercussão internacional. Outro crime coibido pela unidade ocorreu com o fechamento de um banco de ossos humanos clandestino em Londrina, região norte do Estado, a pedido da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa). Os ossos eram armazenados de maneira irregular e sem origem comprovada, servindo para venda a dentistas para implantes dentários.

CRIAÇÃO – A primeira delegada que atuou no Nucrisa, Paula Brisola, conta como foi o processo de institucionalização e criação da unidade. “Antes da criação do Nucrisa, os casos ficavam nos distritos policiais ou eram encaminhados para a Delegacia de Homicídios, onde algumas vezes prescreviam, devido a sua complexidade”, relembra.

Paula ressalta a importância da unidade nas investigações de crimes ligados à saúde. “Conseguimos demonstrar o quanto o trabalho da segurança pública reflete na prestação de serviço de saúde para a população”, defende ela.

“Médicos e chefes de hospitais foram afastados após a atuação do Nucrisa por não fazerem procedimentos adequados à população. Da mesma forma, convênios com hospitais deixaram de ser celebrados em função de não atenderem as normas”, complementa. A delegada cita também que o trabalho do Nucrisa foi um dos fatores que contribuiu para a queda no número de óbitos materno-fetal em hospitais de Curitiba, nos últimos anos.