PAULO PEIXOTO BELO HORIZONTE, MG – Ao tomar posse como novo governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT) anunciou que fará em 90 dias um “balanço geral” da situação do Estado, para conhecer todos os aspectos econômicos, sociais e fiscais. Em uma vitória inédita de seu partido, ele encerrou um ciclo de 12 anos de governos do PSDB. O petista, contudo, procurou tirar o peso político da investigação das contas das gestões tucanas ao dizer que não fará isso olhando para o passado. “O nosso objetivo não é olhar para o passado e sim definir o ponto de partida para o futuro. Vamos publicar esse balanço. Se as empresas publicam balanços, porque isso as torna mais confiáveis, mais auditáveis, a transparência nos exige que a sociedade possa acompanhar cada dado”, disse. O novo secretário de Governo de Minas e presidente do PT no Estado, Odair Cunha, disse após a transmissão do cargo que o balanço anunciado não visa perseguir o senador Aécio Neves (PSDB), mas dar respostas à população sobre o uso do dinheiro público. Aécio é a maior liderança do tucanato mineiro e principal opositor da presidente Dilma Rousseff, para quem perdeu a recente disputa presidencial. Em seu discurso na sacada do Palácio da Liberdade, porém, Pimentel voltou a criticar o senador tucano como fazia na campanha eleitoral, mesmo sem citá-lo nominalmente. “Minas Gerais não tem dono, não tem rei, não tem imperador”, disse. Ele afirmou que o Estado sempre foi governado de dentro dos gabinetes, de forma “antiquada”, e que seu maior desafio será abrir o mandato à participação popular. “O nosso grande desafio de hoje é mudar a forma de governar, tirar o governo do isolamento. Temos de ouvir os mineiros, temos de governar com todos. Precisamos trazer o governo de Minas Gerais para o século 21, tirá-lo do isolamento, do atraso, e colocar o governo no centro da vida das pessoas”, afirmou Pimentel disse ainda que em momentos de crise deve-se praticar a “boa política”, e não abandoná-la diante das dificuldades. “No momento em que a política sofre abalos, eu creio que não se trata de substituir a má política pela não política, mas sim pela boa política. A saída para qualquer crise terá que ser sempre através das instituições. Saibam todos que por isso irei privilegiar sempre a boa política.” ARMAS BAIXAS Ao deixar o cargo, o governador Alberto Pinto Coelho (PP) -aliado do PSDB que assumiu o cargo em abril passado, com a renúncia do governador tucano Antonio Anastasia, eleito senador- “conclamou” os governantes que entram e os que saem a abaixar as armas políticas. “Quero aqui fazer uma conclamação a todos para que, na situação ou na oposição, acima das divergências ideológicas ou das diferentes visões de mundo, tenhamos sempre em vista o nosso compromisso maior com os valores republicanos e democráticos”, disse Pinto Coelho.