Um pedaço do passado recente de Curitiba foi descoberto sob o piso do antigo Paço Municipal, na praça Generoso Marques, que está sendo restaurado. São remanescentes arqueológicos de parte do piso e das paredes do antigo Mercado Municipal, que funcionou no local até 1914, quando começou a construção do Paço, inaugurado em 1916.

Da mesma forma como foi feito na reforma da Praça Tiradentes, após a descoberta trechos de calçadas do século 19, o projeto de restauração foi alterado para permitir que a população possa conhecer esses achados. “Colocaremos vitrines no chão de algumas salas, de onde é possível ver os ladrilhos do piso, pilares de uma varanda interna do antigo mercado, arcos nas paredes e parte dos degraus de acesso de algumas lojas, em granito”, conta o arquiteto Humberto Fogaça, responsável pelas obras de restauro.

Não há plantas da antiga construção, mas fotografias históricas serviram para referência e identificação dos achados arqueológicos. As paredes do antigo mercado foram usadas como tapume para a construção do Paço e parte delas não foi destruída porque o piso do Paço ficou mais alto. “Essa descoberta e a preservação dos remanescentes facilita futuros estudos arqueológicos e permite que os curitibanos possam relembrar parte da história da cidade”, afirma o arquiteto José Luiz La Pastina Filho, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Paraná.

A restauração do prédio antigo Paço Municipal, chamado Paço da Liberdade, está sendo feita pela Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), por meio de um convênio com a Prefeitura de Curitiba. As obras devem ser concluídas em janeiro de 2009. No local funcionará um novo centro cultural, administrado pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) e pela Fundação Cultural de Curitiba.
A edificação é um dos mais importantes monumentos arquitetônicos da cidade. É o único imóvel de Curitiba tombado pelo Iphan e pelo patrimônio histórico do Estado e do Município. O edifício abrigou o gabinete de 42 prefeitos de Curitiba e foi sede do Museu Paranaense.

Tratamento antipichação — Outra novidade na restauração do prédio do Paço Municipal, que está a cargo da construtora Emadel, é um tratamento especial para aumentar a impermeabilização e reduzir o impacto da poluição atmosférica e de ataques de pichadores nas paredes externas. A tecnologia é a mesma empregada para preservar monumentos históricos na Europa.
Ao contrário de uma impermeabilização comum, que duraria pouco mais de um ano, a nova tecnologia tem garantia assegurada de 10 anos de duração. “Devido ao tipo de edificação, a área técnica e a comissão de obras do Sesc optaram por mudar o projeto e adotar uma tecnologia que permitirá manter uma boa imagem do prédio restaurado por muitos anos”, explica o engenheiro Kurt Fehlauer, da comissão de obras do Sesc.

O Centro Cultural Sesc, no Paço Municipal, terá gerenciamento compartilhado com a Fundação Cultural de Curitiba. O edifício terá ambiente para exibição audiovisual, salão multiuso, camarim, sala de leitura, salas de aula de arte e oficinas pedagógicas, salão de exposição, estúdio de gravação, livraria, loja, internet, café, entre outros.
O novo espaço cultural oferecerá oportunidades para o aperfeiçoamento de artistas paranaenses e para o público conhecer e ampliar contato entre as diversas manifestações culturais e artísticas locais, nacionais e internacionais.
A reforma do prédio do Paço Municipal está inserida em um amplo projeto do prefeito Beto Richa de valorização e renovação do entorno do antigo Paço Municipal. O projeto prevê melhorias em todo o perímetro entre as praças Generoso Marques, Tiradentes e 19 de Dezembro, passando pelas ruas Riachuelo, Barão do Serro Azul, Monsenhor Celso e Barão do Rio Branco. “A reforma do Paço e as melhorias em seu entorno ajudam na revitalização da região central da cidade”, diz o prefeito Beto Richa.

No momento, faltam apenas as calçadas que ficam entre o tapume e as paredes do Paço, que serão reformadas após a retirada dos tapumes. A Prefeitura também vai reformar as Arcadas do Pelourinho e o piso da praça Borges de Macedo e do entorno.