O deputado estadual Hussein Bakri (PSC) voltou a bater boca com manifestantes presentes às galerias do plenário da Assembleia Legislativa, na sessão de ontem. Vaiado por reclamar de ter sido incluído pela APP Sindicato na lista dos inimigos da educação – por ter sido favorável à comissão geral para a votação do pacote de corte de gastos proposto pelo governo – Bakri reagiu exigindo aos berros do presidente da Casa, deputado Ademar Traiano (PSDB), que ele determinasse a expulsão dos autores das vaias. Não é mais possível que esse parlamento seja enxovalhado por meia dúzia. Peço a remoção. Está no nosso regimento, bradou o parlamentar de primeiro mandato. Traiano contemporizou, pedindo silêncio às galerias, mas não atendeu ao pedido do deputado do PSC de evacuar o local.

Tapa de luva
Outro deputado de primeiro mandato, Márcio Pacheco (PPL) criticou o líder da bancada do governo, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), que na véspera afirmou ver muita demagogia na defesa dos professores em greve, incluindo os das universidades estaduais, e defendeu a federalização dessas instituições. A fala do deputado Romanelli foi inoportuna e infeliz. Ele fez relação entre a defesa das universidades com hipocrisia. Gasto com educação não é custo, é investimento. O que custa caro são os presídios, rebateu. Para discutir a federalização, não podesmos sucatear as universidades, criticou Pacheco.

Lógica
Depois de engavetar a proposta na legislatura passada, os deputados estaduais devem votar hoje, em primeiro turno, projeto que acaba com a comissão geral de plenário – o popular tratoraço, que permite ao governo acelerar a votação de seus projetos – e foi o estopim das manifestações que resultaram na invasão da Assembleia. A proposta foi aprovada ontem pela Comissão de Constituição e Justiça. Se há algo que tem unanimidade hoje é esse projeto, disse o presidente da Casa, deputado Ademar Traiano, que no passado, como líder do governo, usou com frequência o mecanismo. É lógico que os fatos que ocorreram culminaram com a necessidade de extinguir o instrumento, admitiu Traiano, questionado sobre a repentina mudança de opinião dos parlamentares sobre o assunto.

Previdência
A bancada governista na Assembleia barrou ontem a tentativa da oposição de convocar o idealizador da Parana Previdência, Renato Follador, para explicar o impacto das mudanças que o governo estadual pretende realizar nas regras de concessão e destinação do fundo dos servidores públicos estaduais. O requerimento, de autoria do deputado Anibelli Neto (PMDB), recebeu 21 votos contrários e 15 favoráveis. Não sabemos o que o governo tem a esconder. Precisamos de uma pessoa que entenda os cálculos relativos a previdência para esclarecer as dúvidas dos deputados, comentou Anibelli. Em entrevistas recentes, Follador afirmou que a proposta do governo de extinguir o fundo previdenciário – que tem R$ 8 bilhões em caixa – e incorporá-lo ao fundo financeiro – significaria na prática a extinção do Paraná Previdência.

Quinta coluna
Candidata derrotada ao governo do Estado nas eleições de 2014, a senadora Gleisi Hoffmann (PT) rebateu, em discurso no Senado, as alegações do governador Beto Richa, que atribui as dificuldades financeiras do Estado à crise nacional. Nosso Estado conta com um interventor, o secretário da Fazenda (Mauro Ricardo Costa) que é de São Paulo, e que além de ganhar um dos maiores salários do Estado, está mandando nos rumos do Paraná. Corremos o risco de voltar a ser a Quinta Comarca,afirmou Gleisi.