Ronaldo aceitou o convite de Ricardo Teixeira para ser o homem forte do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014, após longas negociações que começaram em meados de agosto. O ex-jogador não vai presidir o COL, função que continua sendo acumulada pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e nem terá um cargo de executivo. O anúncio oficial da “contratação” do Fenômeno será feito nesta quinta-feira, quando o dirigente volta da Suíça.

A função de Ronaldo no COL, segundo fontes próximas à organização do Mundial, atende ao modelo adotado pela Alemanha em 2006, quando o ex-jogador Franz Beckenbauer foi nomeado “a voz e a imagem da Copa”. Assim como o ídolo alemão, o Fenômeno vai ter voz ativa no Comitê e participará de todas as decisões mais importantes. Não vai ser apenas uma peça decorativa.

Não está descartada também a contratação de um executivo para trabalhar ao lado de Ronaldo. Um dos candidatos ao posto é Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, que havia sido indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar a Autoridade Pública Olímpica no Comitê Organizador dos Jogos do Rio, em 2016.

A entrada de Ronaldo na organização do Mundial de 2014 também serve para estreitar as difíceis relações de Ricardo Teixeira e do próprio COL com a presidente Dilma Rousseff, que, há pouco mais de cinco meses, havia nomeado Pelé como embaixador do governo federal na Copa. Assim, Ronaldo deve fazer uma “tabelinha” com Pelé nas questões que envolvem o evento dentro e fora do Brasil.

A indicação de Ronaldo para o COL é, acima de tudo, mais um movimento de Ricardo Teixeira nas mudanças radicais que ele promove no comando do futebol brasileiro. Na semana passada, o presidente da CBF havia nomeado, de surpresa, o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, para o cargo de diretor de seleções da entidade.

As trocas e nomeações dentro da CBF e do COL devem se estender até meados de dezembro, quando o dirigente espera fechar o pacote das mudanças. De acordo com fontes próximas ao dirigente, muitas novidades estão em curso. Nomes de peso no futebol brasileiro poderão ser convidados, nos próximos dias, para exercer funções importantes nas entidades administrativas do futebol.

Com tais iniciativas, Ricardo Teixeira também se cerca de aliados de peso e ganha terreno para o embate contra Joseph Blatter, presidente da Fifa. O dirigente suíço prometeu, para meados de dezembro, abrir documentos que comprovam esquemas de corrupção dentro da entidade. E os papéis poderiam atingir tanto Ricardo Teixeira quanto João Havelange, que comandou a Fifa de 1974 a 1994.

Blatter, lançado no futebol por Havelange, quando ocupou o cargo de secretário-geral da Fifa no fim dos anos de 1970, trava com Ricardo Teixeira uma batalha política pela presidência da Fifa em 2015. O suíço trabalha para manter o futebol europeu no comando da entidade e apoia Michel Platini, presidente da Uefa, para assumir o cargo.

Nos bastidores políticos do futebol internacional, Ricardo Teixeira seria um dos poucos focos de resistência ao projeto de Blatter. O dirigente brasileiro teria como aliado o francês Jérôme Valcke, atual secretário-geral da Fifa e homem forte da entidade nas questões da Copa do Mundo de 2014.

Ricardo Teixeira tem ainda o apoio de Julio Grondona, presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA), homem forte no Comitê Executivo da Fifa. O presidente da CBF também se aliou a Mohamed Bin Hammam, do Catar, banido por Blatter da Fifa sob acusação de corrupção.