A coletiva de Rubens Barrichello e Tony Kanaan , realizada na quinta-feira, confirmou: Rubinho vai correr toda a temporada da Fórmula Indy pela equipe KV, inclusive os ovais. E Kanaan renovou contrato por mais dois anos. O veterano de 19 temporadas na Fórmula 1 aproveitou então para falar sobre amenidades, como manifestar a sua expectativa de dar a sambadinha, sua tradicional comemoração de pódio, em um lugar mais apropriado: o sambódromo do Anhembi, por onde passa a pista de rua que será remontada para a quarta etapa do campeonato, no dia 29 de abril, e falar sobre a emoção de recomeçar em categoria diferente aos 39 anos.

Rubinho explicou também como fez para dobrar a resistência de sua mulher, Silvana, à vontade dele de correr nos ovais. Afinal de contas, se Ayrton Senna foi o último piloto a morrer na Fórmula 1, no já distante ano de 1994, a mais recente fatalidade na Fórmula Indy ocorreu no ano passado: a tragédia do inglês Dan Wheldon. Seu carro decolou sobre o do canadense Paul Tracy em Las Vegas e, ao cair de cabeça para baixo, evidenciou que a segurança na Indy deixa a desejar. O equipamento de segurança chamado santantônio quebrou, bem como o capacete do piloto.

Kanaan, que era muito amigo do piloto britânico, admitiu, depois da coletiva, que se preocupa. “Eu me sinto responsável pelo Rubinho porque fui eu que o aproximei da categoria”. A expectativa é que os novos chassis Dallara, que substituem os antigos, que já tinham oito anos, sejam mais confiáveis.

Rubão, o pai de Rubinho, diz que já aprendeu há muito tempo a conviver com os riscos do automobilismo. “A gente, que já o acompanha nas corridas há 31 anos, já entregou para Deus”, disse ele, errando na conta. Na verdade, Rubinho pilota desde os seis anos de idade. Rubão admite que o filho ainda não está preparado para a vida de ex-piloto. “Ele já é um cara realizado, mas não vive sem essa adrenalina. Está agora numa felicidade muito grande, parecendo um garoto que começa a andar de kart”.

Superar a oposição de Silvana foi uma empreitada familiar, em que tiveram papel importantíssimo os filhos do casal. Kevin Kalkhoven, um dos donos da KV, ao lado de Jimmy Vasser, fez questão de admitir isso. “Precisamos agradecer às crianças”. “Meus filhos são movidos a gasolina – ou melhor – etanol”, brincou Rubinho, referindo-se ao combustível usado na Fórmula Indy graças ao investimento da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).

Rubinho vai tentar aproveitar para “sugar” toda a experiência de Kanaan, que já tem 14 anos na Fórmula Indy. “É impressionante como o Tony é rápido com pneus frios. Vou ter que aprender isso. Na F-1, corre-se com pneus pré-aquecidos. Também vou ter que me adaptar ao motor turbo. Por outro lado, minha experiência com freios de carbono, por exemplo, vai poder ser aproveitada na Indy”.
Como novo carro e novo motor, da Chevrolet, a expectativa é por muito equilíbrio. “Acho que o Rubinho tem chances até de ser campeão”, arriscou Kanaan.