Um sapo sem pulmão acaba de ser descoberto na ilha de Bornéu, na Indonésia. Trata-se do primeiro caso confirmado do tipo e, segundo os cientistas responsáveis pelo estudo, a espécie aquática Barbourula kalimantanensis aparentemente respira através da pele.

Duas populações da espécie, sobre a qual havia relatos, foram encontradas durante recente expedição dos pesquisadores.

“Sabíamos que seria preciso muita sorte apenas para encontrá-lo, pois há 30 anos que muitos têm tentado”, disse David Bickford, da Universidade Nacional de Cingapura. Sobre a espécie existiam relatos, mas nenhuma confirmação de existência.

“Mesmo quando o achamos e fizemos as primeiras dissecações – lá mesmo no campo –, confesso que não acreditava que ele não tivesse pulmões. É algo que não parecia possível. Por isso, foi uma grande surpresa descobrir que era verdade para todos os espécimes que encontramos”, contou Bickford.

De todos os tetrápodes, vertebrados terrestres com quatro membros, sabe-se que a ausência de pulmões ocorre apenas em anfíbios. São conhecidas algumas espécies de salamandras sem o órgão, além de uma de cobra-cega.

Para os autores do estudo, a descoberta em uma rara espécie de sapo em Bornéu reforça a idéia de que pulmões sejam uma característica maleável nos anfíbios. Como o B. kalimantanensis vive em água corrente e fria, a ausência de pulmões poderia ser uma adaptação para uma combinação de fatores, como um meio com mais oxigênio, o baixo metabolismo do animal, o achatamento do corpo que aumenta a área superfícial da pele e a preferência por afundar em relação a boiar.

Os pesquisadores alertam que estudos futuros dessa notável espécie podem ser prejudicados pela sua raridade e pela ameaça de extinção. Por conta disso, eles pedem que sejam tomadas medidas para encorajar a conservação do B. kalimantanensis em seu hábitat natural.

“Trata-se de uma espécie ameaçada da qual sabemos quase nada. Ela tem uma notável capacidade de respirar por meio de toda a sua pele, mas seu futuro está sendo destruído pela mineração ilegal realizada por pessoas marginalizadas que não têm outra forma de sobreviver. Ou seja, não há respostas simples para esse problema”, afirmou Bickford.