O Instituto Médico Legal (IML) do Paraná afastou dois funcionários que trabalhavam na sede em Curitiba suspeitos de envolvimento com um esquema de corrupção com funerárias. Um inquérito para apurar as irregularidades será aberto pelo Núcleo de Repressão aos Crimes Econômicos (Nurce), que já investiga outros casos de crimes cometidos por funcionários do IML. “A intervenção que realizamos é necessária para aprimorar o IML e moralizá-lo. O afastamento foi preventivo, para averiguações. Assim podemos melhorar o atendimento à população”, disse o secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari.

O afastamento dos funcionários ocorreu na tarde de sexta-feira. A Secretaria da Segurança Pública recebeu denúncias anônimas de que funcionários do órgão estariam recebendo propina para indicar funerárias a parentes de mortos. As denúncias foram repassadas ao interventor, coronel Almir Porcides, que determinou o imediato afastamento dos dois suspeitos. Os nomes não serão revelados até que fique comprovada a participação deles no esquema de corrupção.

O coordenador estadual do Nurce, delegado Robson Barreto, informou que hoje deverá instaurar inquérito para apurar o envolvimento de funcionários do IML com funerárias em um esquema de propina para liberação de corpos sem a necessidade das empresas participarem de um rodízio pré-estabelecido. “As investigações continuam para apurar outros casos e quais os funcionários e entidades envolvidas em irregularidades dentro do IML. O objetivo é descobrir e punir todos os responsáveis”, disse o delegado.

Desde que aconteceu a intervenção, sempre que existe suspeita de qualquer irregularidade no IML, imediatamente o caso é repassado para apuração da Polícia Civil. Ao mesmo tempo, os envolvidos são afastados até o final das investigações.
Intervenção — Em maio de 2008, a “Operação Ressurreição I” levou à prisão de quatro pessoas. Eles foram acusados de fraude para o recebimento de indenização ou valor de seguro, falsidade ideológica e formação de quadrilha. Este trabalho da polícia desmontou o esquema que beneficiaria o grupo que receberia um seguro feito nos Estados Unidos no valor de US$ 1,6 milhão.

Em uma segunda operação denominada “Operação Ressurreição II” a polícia descobriu que novamente um funcionário do IML estava envolvido. Foi ele quem forjou a falsa identificação de um homem que se passou por morto. Assim sua filha e um agenciador receberiam dinheiro do DPVAT.

Uma terceira investigação envolvendo o mesmo funcionário resultou em inquérito onde ele é indiciado juntamente com o proprietário de uma funerária em razão de irregularidades na liberação de um corpo. Um quarto caso relacionado com a retirada de órgãos e tecidos de corpos no IML resultou na prisão em flagrante de uma médica de posse de vários órgãos. Ela foi indiciada em inquérito policial pelo crime e também responde a processo administrativo.