SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Parecer técnico do Ministério Público apontou que 14 pontes e viadutos na cidade de São Paulo têm risco iminente de queda e, por isso, devem ser interditados pela prefeitura.


A análise foi feita com base em laudos de inspeção estrutural contratados pela administração desde o fim do ano passado e repassados ao MP pela própria prefeitura.


Das 16 estruturas viárias analisadas por empresas de engenharia, quase todas tiveram as condições de segurança de uso reprovadas por técnicos da Promotoria.


A decisão pela interdição das estruturas viárias, agora, cabe ao juiz Otavio Tioiti Tokuda, da 10ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo, que deve julgar o pedido de liminar da promotora de Urbanismo Denise Cristina da Silva nos próximos dias.


Entre as anomalias apontadas pelo Caex, órgão técnico do Ministério Público para embasar o pedido de interdição das 14 pontes e viadutos, estão problemas em fundações, comprometimentos de vigas e estruturas metálicas expostas.


A Secretaria de Obras afirmou que não tem conhecimento das análises feitas pela Promotoria e que está trabalhando para garantir a segurança da população.


A pasta também declarou que mantém contato direto com as nove empresas contratadas para fazer a análise de 16 pontes e viadutos, com objetivo de atuar quando for detectado qualquer problema que ponha em risco a população.


Apesar do parecer da Promotoria ter apontado risco de queda em 14 estruturas viárias, as empresas contratadas pela prefeitura para fazer as inspeções recomendaram a interdição total e parcial de duas estruturas -as pontes Presidente Dutra e Freguesia do Ó (ambas na zona norte).


A ponte das Bandeiras (também na zona norte), no entanto, tem buracos grandes no concreto da laje e depressão acentuada do tabuleiro.


Mesmo assim, a empresa Egis Engenharia e Consultoria afirmou que a via não precisa ser interditada.


A interrupção do trânsito também foi descartada na ponte Eusébio Matoso, localizada na zona oeste.


A empresa contratada para fazer a inspeção, a EGT Engenharia, constatou diminuição da resistência em partes da estrutura como resultado da perda dos mecanismos de proteção devido a colisões recorrentes na parte inferior.


A empresa Ieme Brasil inspecionou a ponte Tatuapé (zona leste) e constatou “grandes deslocamentos de alguns aparelhos de apoio”, “armaduras expostas”, “rompimento de cabos de protensão”, entre outras avarias. A necessidade de interdição também foi descartada.


A mesma empresa inspecionou a ponte Cidade Universitária (na zona oeste) e constatou que não precisa ser fechada, apesar de apresentar danos como cabos de protensão rompidos.


Desde o início das inspeções estruturais, a Prefeitura de São Paulo determinou a interdição total de veículos por questões de segurança em uma ponte, a que dá acesso à rodovia Dutra na marginal Tietê, no fim de janeiro.


O fechamento da ponte foi determinado após a Concremat constatar que a viga junto ao primeiro pilar estava rompida. O dano à estrutura poderia causar o rompimento do vão central da ponte, caso houvesse concentração de veículos sobre a ponte.


Situação igualmente alarmante foi relatada pela empresa EGT Engenharia após vistoriar a ponte Freguesia do Ó em 14 de março. Relatório de inspeção detectou avarias como “danos expressivos na estrutura, sinalizando potencial deficiência” no segundo vão da ponte e vigas comprometidas.


Diante dessa informação, a gestão Covas decidiu interditar a pista da direita para diminuir a carga até a conclusão das obras de reparo, o que foi sugerido em laudo técnico.


Uma faixa da ponte da Casa Verde (zona norte) está interditada há um mês desde que a empresa Engeti fez a inspeção e constatou a falta de sete barras na face inferior da estrutura. No mesmo documento, a empresa alerta a prefeitura de que o tráfego deve ser interrompido imediatamente se houver qualquer alteração na estrutura já comprometida.


A ponte Cidade Jardim (zona sul) também foi inspecionada e liberada para o tráfego pela Engeti.


O viaduto General Olímpio da Silveira (centro) tem problemas estruturais na primeira faixa no sentido Jardins que o impedem aguentar veículos com mais de cinco toneladas, segundo análise da empresa Finger & Sommer.


Em relação ao viaduto Grande São Paulo, no Ipiranga, inspeção concluída pela empresa Maurbetec em 13 de março apontou que “as estruturas apresentam-se com deterioração preocupante”, de acordo com documento.


A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) elaborou estudo para calcular o impacto da interdição de 14 pontes e viadutos na cidade.


Segundo o documento anexado ao processo, as interdições “produzirão um impacto de dimensões inéditas no sistema viário do município e da região metropolitana”.


Cruzar os rios Pinheiros e Tietê seria inviável em certos períodos do di, diz o texto.


Além das previsões de caos no trânsito com as interdições, a CET estimou em R$ 2,4 milhões o custo das operações dos agentes de trânsito nesse cenário. Diante disso, a CET defende interdições parciais, quando apenas uma faixa é fechada ao trânsito.