Não existe mágica.  A educação dos filhos é resultado da dedicação dos pais, do investimento de tempo e muita, mas muita, paciência. No entanto, essa missão não é papel da escola. Cabe aos pais essa tarefa e não é possível delegá-la.

Todos os pais querem que seus filhos sejam educados, gentis, inteligentes e, principalmente, gozem de prestígio, consideração dos colegas, professores e orientadores. Esse sonho partilhado por todos reserva uma parte como possível e o restante sempre será apenas um desejo distante do ideal.

Não podemos esquecer que somos humanos e muito mais limitados do que gostaríamos e, com certeza, nossos “filhos” também o são.  Estar atentos às nossas expectativas é adequar o sonho a uma realidade viável entendendo que a cada dia podemos melhorar.

Os pais sempre dividiram com a escola muitas dessas responsabilidades em uma parceria que cresceu e se aprimorou, mas a educação e seus desdobramentos são funções preponderantes dos pais. A eles cabem os padrões, os limites e os costumes que norteiam a família e sua história. A forma como uma criança se comporta na escola, como se dirige aos colegas e professores e até como faz suas lições e arruma seu material reflete muito sua personalidade, os hábitos de sua casa e o seu cotidiano familiar.

Os pais são um exemplo do comportamento de seus filhos, e o panorama que se apresenta não é nada bom. As crianças e adolescentes estão cada vez menos educadas e com valores distorcidos.

As razões para essa falta de educação, que envolve postura, costumes e respeito por tudo e por todos (crianças e adolescentes) são várias: seus pais estão cada vez mais ocupados, ausentes,  cansados, irritados, desatentos e  estressados  com a luta pela sobrevivência e pelo sucesso de suas carreiras. Com essa vida atribulada, a TV e a Internet assumem, na ausência dos responsáveis, os papéis de educadores e orientadores.

Não sou contra os meios de comunicação, nem contra a evolução tecnológica e  mundo da web,  a questão é que eles tem um limite muito curto e a educação, amparada dessa forma, fica do mesmo tamanho.

E como fica a escola nessa escala?

A escola é um parceiro poderoso, mas como tal, tem limites.

Sem os pais por perto, os filhos passam a receber educação com o que observam, com o pouco que ouvem e muito copiando aqueles que os cercam. O ambiente externo que compreende locais de convívio social, como clubes, casa de amigos, viagens com a turma e são mais parâmetros de comportamento adequado. Como temos pouco acesso à esses locais e aos amigos, usamos nosso “achômetro” para nos certificar de que está tudo bem, mas  isso não é uma garantia.

Todos os profissionais que lidam com crianças e adolescentes concordam que existe uma diferença muito visível entre crianças cujos pais estão atentos a sua educação e aqueles  que  não podem se dedicar ou não priorizam a formação educacional dos seus filhos.

Preparar o jovem para enfrentar os desafios da vida envolve “aculturá-lo” e é preciso criar condições para o desenvolvimento das competências intelectuais, daí a necessidade de buscar instituições de ensino que possam contribuir para essa evolução. É fundamental constituir uma base sólida que fortaleça a saúde física e emocional da criança ou do jovem. Neste caso, estão englobadas a transmissão de valores, os cuidados pessoais, os hábitos de higiene, a alimentação equilibrada, o respeito próprio e ao outro. Não podemos nos esquecer das regras básicas de bom convívio social (por favor, muito obrigado, com licença), noções de limite (o NÃO aplicado corretamente pode ser um grande aliado nesse processo) e um lazer que amplie os horizontes culturais, (cinema, teatro, exposições), além de uma boa dose de bom humor, carinho e atenção.

Provavelmente, você já esteja fazendo muito do que citamos, mas não se dá conta do quanto significa para a formação do seu filho.  Funcionando como um radar, ele absorve tudo a sua volta e quando conseguimos oferecer essa infra-estrutura física, emocional e social, o resultado sempre será muito bom.

 Atenção não é medida em horas, minutos, mas em disposição para ouvir e conversar; é interesse na rotina e nas necessidades. Poucos minutos de uma atenção verdadeira e totalmente disponível representam horas de prestígio gozadas pelos pais.

Educar cansa, é chato, repetitivo e para se verificar o resultado leva-se anos, mas é um diferencial que prepara para a vida e qualifica qualquer um para buscar sua felicidade.

*Silvana Martani é psicóloga da Clínica de Endocrinologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo – CRP06/16669

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