A Azul Linhas Aéreas Brasileiras, em parceria com a Amyris Inc. (NASDAQ: AMRS), Embraer (NYSE: ERJ; BM&FBOVESPA: EMBR3) e GE (NYSE: GE), realizou nesta terça-feira (18) um voo experimental utilizando um combustível renovável inovador, produzido a partir da cana-de-açúcar. Com destino ao Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, um jato E195 da companhia partiu do Aeroporto de Viracopos, em Campinas, e fez uma passagem sobre a Cidade Maravilhosa, que recebe nesta semana a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

Batizado de Azul+Verde, o projeto teve início em novembro de 2009 com o objetivo de testar um novo conceito de desenvolvimento de combustível renovável para jatos potencialmente capaz de reduzir as emissões de gases que contribuem para o efeito estufa. Além de oferecer uma alternativa para combustíveis derivados do petróleo, a iniciativa representa mais um grande passo em direção a uma indústria de transporte aéreo sustentável.
 
O compromisso da Azul em reduzir a utilização de produtos petrolíferos voláteis vai além de diminuir nossos custos. O principal objetivo é inovar na prestação de serviços, empregando as melhores tecnologias para evitar a emissão excessiva de carbono e conscientizar nossos Clientes que eles estão optando por uma companhia aérea que, não só se preocupa com o meio ambiente, mas que está agindo para preservá-lo, disse Flávio Costa, vice-presidente Técnico-Operacional da Azul.
 
O estudo realizado pelo Icone – Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais, sobre o ciclo de vida dos gases de efeito estufa do bioquerosene da Amyris mostra que este combustível pode reduzir em até 82% a emissão de dióxido de carbono em comparação ao querosene de origem fóssil.
 
O biocombustível da Amyris foi desenvolvido para ser compatível com o querosene de aviação (A/A-1) para jatos. Desta maneira, foram feitos uma série de testes que mensuraram seu desempenho, disse John Melo, presidente & CEO da Amyrs. O voo de demonstração é um marco importante no nosso programa de combustível para jatos e nos permitirá prosseguir nos objetivos de aprovação internacional e de comercialização, conclui Melo.
 
Esse combustível, chamado de AMJ 700, é feito com o uso de microorganismos modificados que trabalham como fábricas vivas, convertendo o açúcar em puro hidrocarboneto. Tal método resulta em um querosene renovável que, após certificado, atenderá aos padrões mais rigorosos da aviação e da ASTM – American Society for Testing and Materials.
 
Para o voo experimental, foi utilizada uma mistura equivalente de querosene de aviação comum com querosene renovável obtido a partir da fermentação da cana-de-açúcar (4,5 mil litros), o que torna esse um voo inédito na aviação brasileira.
 
Durante os testes realizados no início deste ano, em Ohio, nos Estados Unidos, o biocombustível da Amyris atingiu os requisitos técnicos desejáveis. Em conjunto com as novas tecnologias constantemente empregadas no desenvolvimento e certificação de motores, este bioquerosene certamente ajudará a cumprir as metas ambientais da indústria de aviação, disse Steve Csonka, diretor da Estratégia Ambiental e de Ecomagination da GE Aviation.
 
Desenvolvido a partir do conceito drop-in, não foi necessário implementar qualquer modificação ou adaptação à aeronave antes deste voo demo, disse Mauro Kern, vice-presidente-executivo de Engenharia e Tecnologia da Embraer. Os testes realizados pela Embraer com o biocombustível da Amyris no Brasil foram um sucesso. Isto confirma o potencial de desempenho deste combustível renovável, seja em termos técnicos, seja em termos ambientais. Ficamos felizes com o sucesso técnico deste programa e continuaremos comprometidos com o desenvolvimento de tecnologias de ponta capazes de contribuir com a sustentabilidade da aviação, dentre elas, os biocombustíveis, concluiu.
 
A Azul acredita muito na tecnologia apresentada pela Amyris. O Brasil conta com uma abundância de terra produtiva, o que faz com que o cultivo da cana-de-açúcar não compita com os demais cultivos, como por exemplo, o de alimentos, afirma Adalberto Febeliano, diretor de Relações Institucionais da Azul. Esperamos que seja possível adotar esse combustível em voos comerciais no médio prazo, com uma produção em larga escala, sendo economicamente viável, completa.
 
Este projeto conta com o apoio institucional do Banco Pine, BR Aviation, Total e Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID.