A Folha de S. Paulo revela que o governo do Rio Grande do Sul – Estado comandado pelo petista Tarso Genro – tem um estranho problema para resolver. Os gaúchos recebem dinheiro demais, segundo o secretário de Planejamento, João Motta. É tanto dinheiro liberado pelos companheiros de Brasília que o Estado não consegue gastar.

O governador Tarso Genro gosta de dizer isso: nós estamos com dificuldade de gastar os empréstimos que já contraímos. São vários empréstimos. Banco Mundial [com aval da União], BNDES, Proinveste e assim por diante. A máquina pública está, hoje, com dificuldade de operar recursos, conta João Motta, segundo a Folha de S. Paulo.

Alguém poderia supor que o Rio Grande do Sul nada em dinheiro porque tem as contas em dia e cumpre todas as exigências que os órgãos do governo federal, como a Secretaria do Tesouro Nacional, fazem para liberar empréstimos aos Estados. Nada mais distante da realidade. O estado das finanças gaúchas é calamitoso, o Estado consome a quase totalidade de suas receitas para bancar a folha de pagamento. A abundância de recursos vem da disposição petista de favorecer os companheiros do PT.

Enquanto os gaúchos não sabem o que fazer com o dinheiro, no Paraná, onde o PT cobiça tomar o poder, a situação é inversa. Com uma infinidade de pretextos, todos eles sem qualquer fundamento real, o governo do Estado não é autorizado a tomar empréstimos. O Tesouro Nacional bloqueia empréstimos ao Paraná há mais de dois anos, causando prejuízos enormes ao desenvolvimento do Estado, impedindo investimentos em setores vitais, como saúde, segurança e educação.

Por trás dessa discriminação odiosa não é difícil identificar as mãos dos três ministros petistas paranaenses. Gleisi Hoffmann, Gilberto Carvalho, Paulo Bernardo. Gleisi é candidata ao governo do Estado em 2014. Jogar contra o Estado, não importando os estragos e prejuízos que cause, é uma aposta típica do PT. É o modo petista de fazer política.

Não é a primeira vez, aliás, que esse trio joga pesado contra os interesses paranaenses. Um caso chocante de discriminação contra o Paraná foi o chamado PAC das Concessões, que previa investimentos de R$ 133 bilhões em logística (rodovias e ferrovias) e não daria um real para o Estado e ainda projetava traçados de rodovias e ferrovias que reduziriam nossa importância econômica.

Foi preciso uma mobilização do governo e das classes produtoras para que os prejuízos previstos nesse projeto desastroso fossem contidos. Apesar de todos esses ataques a economia do Estado resiste e apresenta resultados melhores que a média brasileira. O Paraná gera mais empregos, tem um PIB maior e atrai mais investidores, nacionais e estrangeiros.

A ministra Gleisi Hoffmann, principal beneficiária dessa conspiração contra o Paraná, deveria parar de jogar contra o Estado e vir a público prestar esclarecimentos sobre uma série de questões nebulosas. Para começar, é extraordinário o número de seus auxiliares envolvidos com a Justiça. Para piorar, na última revista Veja a própria Gleisi aparece de uma forma que exige urgentes explicações.

A revista denuncia mais um escândalo de corrupção envolvendo o PT e a ministra, que gasta tanto tempo prejudicando o Paraná. A matéria, intitulada Roubando dos pobres, revela que dirigentes de uma cooperativa ligada ao MST, a Coana, foram presos desviando dinheiro que deveria ser usado para comprar alimentos para creches, escolas e hospitais.

E qual o papel de Gleisi nisso tudo? Segundo a revista, os coordenadores da Coana lembram que negociavam também com a então senadora Gleisi Hoffmann – atual ministra da Casa Civil, e com o deputado federal Zeca Dirceu, ex-prefeito de Cruzeiro do Oeste e filho do mensaleiro Zé Dirceu.

Segundo a revista, os desvios da cooperativa Coana foram possíveis porque contaram com o apoio de Sílvio Porto, diretor de política agrícola da Conab, uma companhia estatal que negociava as aquisições fictícias de alimentos da cooperativa do MST.

Segundo Veja, quando as fraudes entre assentados e Conab foram reveladas, o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, anunciou a demissão de Porto (…). A exoneração foi barrada pela Secretaria –Geral da Presidência da República [comandada pelo petista paranaense Gilberto Carvalho] e pela Casa Civil [chefiada por Gleisi Hoffmann].

Em lugar de ficar jogando contra o Paraná, imaginando que ao prejudicar o Estado facilita seu projeto pessoal, Gleisi Hoffmann ganharia mais se viesse a público explicar tudo o que está acontecendo em seu Ministério. Inclusive sua atuação pessoal na questão dos empréstimos.

 

(Ademar Traiano é deputado estadual pelo PSDB do Paraná e líder do governo na Assembleia)